Saturday, December 27, 2008

arrumações de fim de ano

comecei a dar um jeito nas minhas coisas e tá saindo cada coisa do arco da velha das gavetas, caixinhas, saquinhos, armários e prateleiras. algumas boas surpresas, e também a constatação de que acabo guardando muito mais do que preciso.

Friday, December 26, 2008

reviravolta

minha vida deu uma reviravolta estes dias tão grande que eu ainda tô tonta. engraçado que a gente fica querendo muito uma coisa, e quando acontece acaba se sentindo atropelado pelos próprios desejos.
mas acho que o problema não são os desejos atendidos. são os desejos atendidos muito rápido.
e já aprendi que o meu de dentro é lento, preciso de tempo pra processar as coisas. por isso vou é ter paciência comigo e com a vida. 2009 promete.

Monday, December 15, 2008

quieta no meu canto

ui, tem vezes que a minha cabeça dá tanto nó que nem eu mesma me entendo.
detesto quando eu começo a complicar muito as coisas. dá um cansaço....
resolvi então ir pra mauá, tomar banho de rio, ficar quietinha no meu canto e ver minhocas de verdade (e não as da minha cabeça). por mim eu ficava lá até acabar esta melecada toda de festas de fim de ano. mas vou ter que voltar pro natal. fazer o quê...

Friday, December 12, 2008

peleja

este negócio de escrever tese é uma peleja mesmo, uma peleja com as idéias e com a escrita.
até não muito tempo atrás eu não tinha comprado esta briga direito.
mas agora estou em pleno combate. chega tá saindo fumacinha da minha cabeça...
o foda é voltar pro mundo depois e conversar com as pessoas que nem tem idéia deste embate mítico rolando na minha cabecinha. entro num ET mode e é fueda pra sair.

Sunday, December 7, 2008

2009

tô aqui tentando me animar com o fim do ano, mas leio o jornal e as notícias são cada vez piores, comprei um livro do bauman que é uma deprê só, e ainda fico meio triste às vezes com as presepadas que aconteceram comigo em 2008.
mesmo assim, teimo em acreditar que ano que vem vai ser, pelo menos, um ano de muitas mudanças. e se mudança assusta, também é bom. ou pelo menos, necessário.
no mais, terminando de me recuperar da noitada de sexta-feira. fazia um tempinho que eu não me divertia tanto. fui ver um show lindo do luiz melodia no circo voador. astralzinho total.

Tuesday, December 2, 2008

melhor

nada como um dia atrás do outro. acabou que o problema de saúde da minha mãe é sério, mas nada tão grave que precise de cirurgia ou coisa assim. acabou que o problema maior é da cabeça dela mesmo e da relação dela com o meu pai. e isso não me diz respeito.
acabou que fui ao cinema ontem e vi um filme bacana, o vicky cristina barcelona. tá, tem woody allen escrito no filme inteiro, desde o tipo de narração até o texto dos diálogos e a direção. mas é um filme interessante a beça, vale a pena, afora o woody allen. tenho uma relação de amor e ódio com ele. implico horrores, mas admito que às vezes ele acerta. acerta quase que apesar dele mesmo, que deve ser um chato de galocha, intelectualzinho neurótico novaiorquino. é por isso também que eu consigo gostar do caetano, outro chatão de marca maior.
enfim, meu filme preferido dele continua sendo o zelig, mas este ficou bem bacana. bem bacaninha mesmo.

Sunday, November 30, 2008

triste

tem dias que parece que o mundo caiu na nossa cabeça.
nestas horas o melhor a fazer é dormir. as coisas sempre melhoram depois de uma boa noite de sono.

Saturday, November 29, 2008

lar doce lar


em casa finalmente. e ainda mega cansada da viagem, embora tenha dormido pra burro de ontem pra hoje.
agora é voltar pra realidade. acho que toda e qualquer viagem demora um pouco pra terminar, mesmo depois da volta física. é como se o espírito sempre viesse bem mais devagar do que os aviões.

Tuesday, November 25, 2008

volto já!

tô numa cidadezinha chamada solvang. é pra ser uma cidade dinamarquesa, mas é a coisa mais cafona dos últimos tempos, embra tenha seu charme. mesmo assim é divertido.
acabei de almoçar numa outra cidadezinha chamada los olivos. foi a comida mais deliciosa que eu comi na viagem inteira. chega tô triste de comer tão bem. e de beber também. fomos numa vinícola e eu enchi a cara no wine tasting. bom!
mas a vida boa já vai acabar. chego na sexta no brasil. o regime começa no dia seguinte....
por hora, chove lá fora e aqui tá friozinho e bom.
bem bom.

Thursday, November 20, 2008

caseira

eu sei que vivo dizendo que adoro viajar. e viajo. e adoro viajar mesmo. mas acho que adoro mais ainda a minha casinha. sou uma pessoa mega caseira, daquelas que curte casa e curte ficar em casa tanto quanto eu curto sair e viajar por aí.
sou daquelas que tem tanto prazer em sair e viajar quanto voltar pra casa depois.
aqui tá ótemo. tô curtindo a beça a conferência, revendo um bando de gente, matando as saudades da gringolândia (sim, eu confesso - sinto saudade daqui as vezes). mas tô começando a ficar cansada também. muita coisa, muita gente, muito estímulo...enfim, ando sentindo uma falta da minha casinha....

Tuesday, November 18, 2008

na golden gate

acabei de chegar em san francisco. em grande estilo, pela golden gate. uma lindeza sem fim.
viajar é tããããooo bom. pena que eu tô achando que vai ser a última vez, ou a penúltima.
de qualquer forma estou curtindo horrores. e não tenho parado um minuto.
no mais, eu AMO san francisco!

Tuesday, November 11, 2008

é hoje!

o que eu mais tô adorando nesta viagem é que é curtinha. assim dá pra curtir bastante sem encher o saco e sem morrer de saudade do povo daqui.
e ainda dá tempo pra matar a saudade do povo de lá!

Monday, November 10, 2008

nó na garganta

desde ontem que eu tô com um aperto esquisito no peito. e o pior é que nem sei o que é.
tomara que seja só o peso da carne do churrasco que fizemos ontem pra celebrar a vitória do obama.
ou talvez a expectativa da viagem.
de qualquer forma, amanhã partimos em mais uma aventura pela gringolândia.
oh yes!

Thursday, November 6, 2008

back to gringoland


embarco na terça, mas estou toda feliz com esta viagem. é que apesar de já ter feito esta meleca desta viagem uma cara de vezes, agora tem um gosto especial. estou indo com A., uma amiga super querida e colega de profissão. só de ter companhia nesta viagem tão longa já fico feliz. mas fico mais feliz ainda de poder compartilhar este porção de coisas que fazem parte da minha vida de lá com alguém daqui.
no mais, tô achando que esta vai ser uma das últimas viagens (senão a última). então o gostinho de despedida dá ainda mais tempero a história toda.
mais detalhes, depois.

Wednesday, November 5, 2008

da coragem de ousar

não sei bem o que dizer pois estou ainda sem palavras e sem acreditar que os americanos não apenas conseguiram eleger o obama, mas que o fizeram com tamanha alegria, esperança e graça. ainda estou muito ressabiada e desconfiada. um medo (normal) do passo ter sido maior que a perna, e de logo ali na frente vir um maluco e acabar com a festa. também sei que o cara é humano e a merda é grande, portanto seu poder de manobra não é essas coisas.
mas o que mais me emociona é o que isso representa, independente do que venha a acontecer depois. ontem os americanos me lembraram porque se orgulham tanto de ser um "país democrático", porque, como bem disse o obama em seu discurso, os eua é um país onde tudo é possível. e eu, que já tinha visto o lado ruim do "tudo é possível" nos eua, que estava lá nas duas eleições do bush, no atentado de 11 de setembro e na declaração da guerra do iraque, agora perdi o melhor da história - a hora em que ela vira e que o lado bom vem à tona. ai como eu queria estar ontem em chicago, minha cidade do coração, pra participar desta festa.
foi uma eleição linda, com milhões de pessoas votando, e votando não apenas num negro e filho de imigrantes, mas votando num sonho de esperança e mudança. e essa esperança e alegria é do povo americano mesmo, indo muito além da pessoa obama.
em tempos de tormenta e crise, nos ensina a história, as opções se restringem e polarizam - ou se parte para o ultraconservadorismo ou se tem a coragem de ousar.
ontem os americanos, depois de muito tempo, tiveram a coragem de ousar.

Monday, November 3, 2008

relatório da obra

agora os indivíduos deram de fazer quebradeira em cima da porta da minha casa!!! isso mesmo - como não bastasse a serra de azulejo aqui na área de trás, parece que a porta da minha casa está sendo posta abaixo.
como eu achei que tava ficando doida, abri a porta de casa e dei de cara com o peão em cima da escada, bem na porta da minha casa. aparentemente o vizinho precisa fazer um canal (que fique bem registrado - EM CIMA DA MINHA PORTA!!!) pra eletricidade dele passar.
sinceramente, não gosto de ficar de arenga com vizinho, mas o cara podia pelo menos dar uma palavrinha comigo, pedir licença, sei lá. um pouquinho de educação ajuda nas piores situações.
ao invés disso, ele ainda botou os peões pra aumentarem o muro que divide nossas áreas e nem falou comigo. a peãozada invadiu minha área, aumentou o muro e ninguém nem veio falar comigo.
não que eu não tenha achado bom. realmente essa área é meio defasada demais. mas, outra vez, um pouquinho de educação, só um pouquinho, não faz mal a ninguém...

recebi por email

é bom ter amigos que me entendem...

"Naturalmente tem dias em que o coração está anuviado: nem dias: durante um só dia tudo fica claro e tudo fica escuro e de novo tudo claro.
O que é preciso é não ir demais contra a onda. A gente faz como quando toma banho de mar: procura subir e descer com a onda. Isso é uma forma de lutar: esperar, ter paciência, perdoar, amar os outros. E cada dia aperfeiçoar o dia." (carta de 12 de maio de 1946, de Berna para o Brasil)

estado de graça - clarice lispector

"Quem já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer. Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece aos que lidam com arte.
O estado de graça de que falo não é usado para nada. É como se viesse apenas para que se soubesse que realmente se existe. Nesse estado, além da tranqüila felicidade que se irradia de pessoas e coisas, há uma lucidez de quem não advinha mais: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não perguntem o quê, porque só posso responder do mesmo modo infantil: sem esforço, sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se transforma num dom. E se sente que é um dom porque se está experimentando, numa fonte direta, a dádiva indubitável de existir materialmente.
No estado de graça vê-se às vezes a profunda beleza, antes inatingível, de outra pessoa. Tudo, aliás, ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor da irradiação quase matemática das coisas e das pessoas. Passa-se a sentir que tudo o que existe - pessoa ou coisa - respira e exala uma espécie de finíssimo resplendor de energia. A verdade do mundo é impalpável.
Não é nem de longe o que mal imagino deva ser o estado de graça dos santos. Esse estado jamais conheci e nem sequer consigo adivinhá-lo. É apenas o estado de graça de uma pessoa comum que de súbito se torna totalmente real porque é comum e humana e reconhecível.
As descobertas nesse estado são indizíveis e incomunicáveis. É por isso que, em estado de graça, mantenho-me sentada, quieta, silenciosa. É como numa anunciação. Não sendo porém precedida pelos anjos que, suponho, antecedem o estado de graça dos santos, é como se o anjo da vida viesse me anunciar o mundo.
Depois, lentamente, se sai. Não como se estivesse estado em transe - não há nenhum transe -, sai-se devagar, com um suspiro de quem teve o mundo como este é. Também já é um suspiro de saudade. Pois tendo experimentado ganhar um corpo e uma alma e a terra, quer-se mais e mais. Inútil querer: só vem quando quer e espontaneamente.
Não sei por quê, mas acho que os animais entram com mais freqüência na graça de existir do que os humanos. Só que eles não sabem, e os humanos percebem. Os humanos têm obstáculos que não dificultam a vida dos animais, como raciocínio, lógica, compreensão. Enquanto que os animais têm a esplendidez daquilo que é direto e se dirige direto.
Deus sabe o que faz: acho que está certo o estado de graça não nos ser dado freqüentemente. Se fosse, talvez passássemos definitivamente para o outro lado da vida, que também é real, mas ninguém nos entenderia jamais. Perderíamos a linguagem em comum.
Também é bom que não venha tantas vezes quanto eu queria. Porque eu poderia me habituar à felicidade - esqueci de dizer que em estado de graça se é muito feliz. Habituar-se à felicidade seria um perigo. Ficaríamos mais egoístas, porque as pessoas felizes o são, menos sensíveis à dor humana, não sentiríamos a necessidade de procurar ajudar os que precisam - tudo por termos na graça a compreensão e o resumo da vida.
Não, mesmo se dependesse de mim, eu não quereria ter com muita freqüência o estado de graça. Seria como cair num vício, iria me atrair como um vício, eu me tornaria contemplativa como os fumadores de ópio. E, se aparecesse mais a miúdo, tenho certeza de que eu abusaria: passaria a querer viver pemanentemente em graça. E isto representaria uma fuga imperdoável ao destino simplesmente humano, que é feito de luta e sofrimento e perplexidade e alegrias menores.
Também é bom que o estado de graça demore pouco. Se durasse muito, bem sei, eu que conheço minhas ambições quase infantis, eu terminaria tentando entrar nos mistérios da Natureza. No que eu tentasse, aliás, tenho a certeza de que a graça desapareceria. Pois ela é dádiva e, se nada exige, desvaneceria se passássemos a exigir dela uma resposta. E preciso não esquecer que o estado de graça é apenas uma pequena abertura para uma terra que é uma espécie de calmo paraíso, mas não é a entrada nele, nem dá o direito de se comer dos frutos de seus pomares.
Sai-se do estado de graça com o rosto liso, os olhos abertos e pensativos e, embora não se tenha sorrido, é como se o corpo todo viesse de um sorriso suave. E sai-se melhor criatura do que se entrou. Experimentou-se alguma coisa que parece redimir a condição humana, embora ao mesmo tempo fiquem acentuados os estreitos limites dessa condição. E exatamente porque depois da graça a condição humana se revela na sua pobreza implorante, aprende-se a amar mais, a perdoar mais, a esperar mais. Passa-se a ter uma espécie de confiança no sofrimento e em seu caminhos tantas vezes intoleráveis.
Há dias que são tão áridos e desérticos que eu daria anos de minha vida em troca de uns minutos de graça."
(em A descoberta do mundo, página 90-91)

Friday, October 31, 2008

às vezes é preciso ter paciência

sei que escrevi estes dias que estou neste momento "ser humano é bacana", mas sinceramente, tem dia que eu não tenho o menor saco...
ser humano às vezes perde a noção das coisas geral. ontem um deles expirou o prazo de validade comigo.
e pra completar passei o dia numa irritação dos diabos. como se não bastasse a música crente aos berros todas as tardes, agora é som de serra de azulejo da obra ao lado no pinico do meu ouvido o dia inteiro. não dá pra ser feliz assim. e nem trabalhar....

Wednesday, October 29, 2008

amor mais humano

"Esse progresso há de transformar radicalmente (...) a vida amorosa, hoje tão cheia de erros numa relação de ser humano para ser humano, não de macho para fêmea. Esse amor mais humano (que se produzirá de maneira infinitamente atenciosa e discreta, num atar e desatar claro e correto) assemelhar-se-á àquele que nós preparamos lutando fatigosamente, um amor que consiste na mútua proteção, limitação e saudação de duas solidões."
(Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke)

já devo ter lido este livro uma penca de vezes. esta carta em particular, três pencas de vezes. é no que acredito, cada dia mais. quanto mais envelheço, mais acolho e aceito a minha solidão. que não é só minha, é da condição humana (e paradoxalmente vou me sentindo cada vez menos sozinha).
cansada de relação "de macho para fêmea" (não, não mudei de time. longe disso...). cada vez mais interessada em relações de ser humano para ser humano. e meus amores estão mais humanos mesmo, assimzinho como ele diz.
e, percebi isso hoje na terapia, ando com o coração cada dia mais leve.

Monday, October 27, 2008

paquetá


este domingo eu fui a paquetá na barca do chorinho. e ainda fiz um mega picnic lá com um amigo querido. delícia total!
tinha esquecido como eu adoro paquetá. tem uma coisa brega, kitsch, sei lá. mas ao mesmo tempo um ar tão bucólico. e tem esta coisa de história, literatura e poesia nos cantos mais inesperados. a pessoa tá andando assim e de repente vê umas árvores lindas, centenárias. um coreto. uma casa antiga e linda. uma bicicleta velha. umas casas coloridas. a pedra da moreninha.
enfim. a única coisa ruim foi o calor. era tanto que não dava nem pra curtir direito.
e o chorinho? ai, o chorinho. se existe alguma trilha sonora pra paquetá, é o choro.

cansada de ficar doente

tô com uma dor de garganta que vai e volta. as unhas quebrando direto. e mais uns e outros problemitchas de saúde recorrente, pequenos mais chatos.
um saco. detesto ficar doente.

Sunday, October 19, 2008

elegia


noite chuvosa de domingo já é uma coisa melancólica. e eu ainda fui ao cinema com A. ver um filme triste...mas bonito também na mesma medida. é aquele cujo título foi muito mal traduzido por Fatal (em inglês Elegy).
eu nem sabia nada da história do filme antes de ver, mas A. comentou que havia lido o livro. disse que era sobre a morte e a finitude. e é mesmo. mas tem mais.
é também sobre a solidão humana, sobre o amor e seus desencontros. sobre a passagem do tempo. o insistir e o desistir. a fé e a descrença. a vida e a morte. tudo num vai e vem bonito, muito bem entrelaçado.
lembrei de um quadro do magritte que eu tenho no meu quarto.
na verdade eu tenho pensado muito neste quadro ultimamente.

Saturday, October 18, 2008

o anjo da guarda

de tempos que eu procurava este pequeno conto da cecilia meirelles. foi a primeira história que eu contei quando era contadora de histórias (se bem que acho que ainda sou um pouco). tava perdido no meio dos meus papéis guardados na casa da minha mãe.
vou copiar aqui pra não perder mais o meu anjinho da guarda....

"Descobrimento do Anjo da Guarda

A moça disse-me que estava longe da família, na grande cidade onde chegara para trabalhar e estudar. A imponência dos edifícios, a pressa da multidão, o tumulto das ruas, a agitação da noites, tudo a atordoava: e mal tinha tempo para fazer amizades.
Antes, sua paisagem era uma praça, uma igreja, um pequeno rio, ladeiras tranqüilas, jardins antigos, casas agradáveis onde, aqui e ali, alguém praticava exercícios de piano. As pessoas visitavam-se, contavam suas histórias familiares, aconselhavam-se. Havia pequenas festas, um pouco de dança, a música da filarmônica local, um grupo de teatro.
As moças sabiam muitas coisas, eram muito dotadas: bordavam, cosiam, confeitavam bolos, faziam flores. Ultimamente aprendiam até a executar objetos domésticos de matéria plástica. (Disso ela não gostava muito.)
Seus estudos chegaram a um ponto que despertaram a atenção dos professores. (Estudava música.) Todos acharam que era uma pena ficar ali, ajudando a cantar na igreja, ensinando solfejo às crianças : devia ir para um centro maior, receber outros estímulos, dedicar-se completamente à sua vocação. E ela foi.
Mas a grande cidade era assim, com tanta gente, ninguém prestava atenção a nada, havia música por toda parte, nos edifícios, pelas ruas, nas casas comerciais, nos mercados, nos restaurantes, e ela mesma já nem sentia a sua música, já não se ouvia, não se achava necessária.
O ambiente era desatento. Tudo entrava por um ouvido e saía pelo outro. E o que acontecia com a profissão acontecia também com a vida: prometiam coisas que não cumpriam, marcavam encontros que não se efetivavam, as colegas pareciam-lhe muito sofisticadas, e depois de ter observado um pouco, com a sua bem-organizada cabeça disciplinada por bemóis e sustenidos, chegara à conclusão de que (pelo menos por enquanto) não valia a pena namorar.
A moça, então, sentiu-se muito sozinha, desencorajada - e ali, com seus papéis de solfa na mão, parecia mesmo a própria musa Euterpe, exausta de modernidade e saudosa do Olimpo.
O que mais a assombrava era a ausência de apoio social: as moças de sua idade falavam de penteados; os professores, de taxas, reivindicações, abonos, e os rapazes discorriam sobre esporte - ou eram grandes mestres em toda categoria de arte, ou grandes condutores da humanidade, oradores e grevistas. Meio gangsters, meio líderes, desesperados de ambição.
Foi assim que, uma tarde, a moça pensou no Anjo da Guarda. Deus era grande demais, para atingi-lo: não tinha coragem. Chamou baixinho o Anjo da Guarda, para experimentar. Ao contrário, porém, do que ela esperava, o Anjo da Guarda respondeu. Passou a conversar com ele todos os dias. Todos os ruídos em redor se dissolveram: os barulhos do mundo e as conversas frívolas. Sozinha, ela fala com o seu Anjo da Guarda que, solícito, responde às suas dúvidas e resolve os seus problemas.
Voltada para esse paraíso interior, disse-me que é outra pessoa: tudo lhe parece claro, certo, com outro sentido. Seu mundo de música é o mesmo do Anjo da Guarda. E acha admirável que esse mundo possa existir dentro do outro, veloz e ruidoso, sem ser atingido em sua harmonia, livre de qualquer vulgaridade e aflição."

perder o nada é um empobrecimento

"O que não sei fazer desmancho em frases.

Eu fiz o nada aparecer.

(Represente que o homem é um poço escuro.
Aqui de cima não se vê nada.
Mas quando se chega ao fundo do poço já se pode ver
o nada.)

Perder o nada é um empobrecimento."

Manoel de Barros, em Livro sobre nada

Wednesday, October 15, 2008

a pedidos...

meu macaquinho simon na esbórnia dos "lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão..."

Saturday, October 11, 2008

sei não...

mais uma noite com meus novos lençóis e o holiday on ice continua.
não sei quanto tempo eles ainda vão durar na minha cama...

Friday, October 10, 2008

os lençóis macios

sou uma pessoa com umas tantas manias. nada muito sério, tipo TOC. diria que tenho uma personalidade obsessiva-compulsiva, mas que aprendi a me divertir com isso. então, para os mais incautos, fica só a impressão de que sou um pouco birutinha.
pois então. eu tenho obsessão com vermelho. adoro vermelho, muito. e já escrevi aqui dos lençóis de cetim vermelho que eu achei na xêpa da gringolândia. a princípio fiquei meio bolada de pegar lençol assim usado, dos outros. mas o lençol tava novinho e eu já lavei umas cinco vezes. como lençol de hotel também é coisa que todo mundo usa, acho que não estou pecando demais, né? quer dizer, afora o vermelho. e o cetim.
só sei que recolhi o lençol, mas nem usei de imediato e nem cheguei a trazê-lo comigo na volta da gringolândia. não coube na mala, então deixei guardado com A. lá mesmo em LA-la-land.
A. veio visitar recentemente e me trouxe este verdadeiro rubi-vermelho-cor-de-sangue.
eis que depois de lavá-lo mais uma vez, finalmente coloquei a tranqueira na cama.
já fazem duas noites que eu durmo neste mar bordeau e é difícil explicar tão insólita experiência! primeiro que passo a noite inteira deslizando de lá pra cá neste momento cetim. e depois porque acordo de manhã, olho pra cama e só consigo pensar - nooossssaaaa!
levanto me sentindo a própria cantora de cabaré. quanta luxúria! e o crente a pregar em cima do meu teto...

o floral e os sonhos

estes dias eu resolvi fazer um floralzinho pra mim. fazia um tempão que eu não tomava um floral e achei que o momento era propício. fiz um rescue também.
agora dei de sonhar loucamente. quer dizer, de lembrar os sonhos, pois sonhar a gente sempre sonha. mas uns sonhos tão desbaratados que até agora eu não entendo direito.

Thursday, October 9, 2008

na lei do mansinho

tô aqui tentando escrever e até que consegui produzir bem nos últimos dias. mas no momento tô bem aflita. é que, podem acrescentar aí na minha lista de medos, eu tenho medo de crente. e bem em cima de mim mora um casal crente. de vez em quando o cara começa a pregar, e é sempre bem alto, aos berros, com uma voz mega raivosa. no momento é uma mulher gritando - "aleluia, aleluia!". é uma voz histérica, nervosa, ameaçadora, sei lá. e escuto os passos dela pra lá e pra cá, num andar inquieto. quanto mais escuto os passos, e a voz, mais inquieta fico eu também. isso não é de Deus, penso eu, não pode ser. e também penso igualzinho quando eles põem música evangélica aos berros de tarde (vez por outro é isso...).
esta semana, segunda à noite, o cara tava tão descaralhado que começou a pregar bem alto assim, à meia-noite. vê se pode? vê se é hora de ficar fazendo isso? isso não é coisa de Deus. Deus não assusta assim os outros, não lhes tira o sono. pelo contrário, como diz o guimarães rosa, "ele faz é na lei do mansinho".
e eu aqui sozinha, sem saber o que fazer, rezo pelos que rezam em excesso. peço a Deus por aqueles que não apenas lhe pedem, mas lhe tomam o lugar e a voz. pedem e concedem, como se tivessem tamanho poder.
então fui na sala e liguei a vitrola bem alto. botei um disco antigo (como todos que tenho aqui), do quinteto armorial. um som tranquilo de rabeca, aquela coisa arcaica, com gosto das nossas origens mouras lá pela península ibérica.
os passos e os gritos acabaram de parar. graças a deus. mesmo.

a verdade e a compreensão

desde ontem não me sai da cabeça um dos meus trechos favoritos de um dos meu livros favoritos de uma das minhas escritoras favoritas - A Paixão segundo GH, da Clarice Lispector

"Se a 'verdade' fosse aquilo que posso entender - terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.
A verdade tem que estar exatamente no que não poderei jamais compreender."

Wednesday, October 8, 2008

budismo e psicanálise

tava organizando meus bookmarks e achei esta palestra maravilhosa do benilton, de quem sou fãzoca.
em tempos de pânico e incerteza, é bom lembrar de coisas assim.

grande sertão

"Amor é a gente querendo achar o que é da gente."

Tuesday, October 7, 2008

fora da ordem

"Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem

Apenas sei de diversas harmonias bonitas
possíveis sem juízo final

Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial"

Caetano Veloso

Monday, October 6, 2008

o sertão

"O senhor...mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza."
(Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa, pag. 21-2_

Saturday, October 4, 2008

as cem pessoas

ontem eu saí com uma amiga que eu conheci há tempos atrás. recentemente nos reencontramos por acaso e retomamos contato. aliás, isso é típico na minha vida.
o caso é que ela me chamou pra sair com um grupo de amigos dela, e lá eu fui carregando mais uns amigos meus. mó galera.
fomos num lugar surreal, que eu nunca nem ia advinhar que existia. cheio de gente diferente, de todas as idades e jeitos. era o albergue de um gringo que fica no meio de uma favela, aqui no catete. favela tranquilíssima, do lado do bope. um visual lindo. e um jazz bem bacaninha. e a casa me lembrava as casas de gaudi, com suas torres e passagens inusitadas.
a antropóloga em mim a-mou todo este exotismo. embora no final das contas nem fosse tão exótico assim, porque no rio tudo vira moda rapidinho.
enfim, o que eu gostei mais da noite foi conhecer os amigos da minha amiga e mais uns outros que conhecemos lá mesmo. de repente tava todo mundo no maior papo e rindo pacas.
pra variar, depois de um pouquinho de papo, fomos encontrando mil conexões aleatórias entre a gente. então puxei a teoria de um cara que conheci numa festinha há muito tempo atrás. nunca mais vi o cara, e o nosso papo foi relativamente breve. mas logo que começou este papo de - ah, então você conhece fulano? - ele me veio com a teoria.
a teoria é de que no rio de janeiro existem apenas 100 pessoas. o resto, é figurante.
pois ontem eu tava lá no the maze com umas 10 destas pessoas.

Friday, October 3, 2008

procura-se

Bolas
(Clara Averbuck)

"Culhão. Homem tem que ter culhão. Não aquela macheza de lutador de vale-tudo, nada disso. Isso aí de força física qualquer mané tem, aliás, força física é coisa de mané.
Eu estou falando de culhão, bolas.
Culhão de gostar de mulher forte e não fugir dizendo que prefere uma mulherzinha. De assumir um compromisso e não ficar se refugiando nos braços de umas putinhas de carne firme e bunda empinada quando a coisa apertar, só pra se sentir macho. Culhão de botar filho no mundo e cuidar, e agüentar a mulher histérica na gravidez, e agüentar ver o parto sem desmaiar. E ainda ter tesão depois.
Culhão de admitir quando está errado.
De bater o pé quando está certo.
De encarar a vida e não se acomodar pra deixar o sangue esfriar. De chorar quando sentir vontade, porque chorar é coisa pra macho. De se emocionar com algo mais do que futebol. De mandar tudo às favas às vezes e se mandar pra se encontrar. Culhão de ir embora quando as coisas são irreparáveis em vez de sentar a bunda no sofá e esperar uma intervenção divina. De tentar consertar tudo quando vale a pena.
Culhão de viver as coisas mesmo sabendo que pode se dar mal no fim. Mesmo tendo certeza de que vai se dar mal no fim. A vida não tem anestesia e anda de mãos dadas com a dor.
De não rir de piadas sem graça pra agradar. De assumir o que gosta e o que não gosta mesmo que vire motivo de chacota.
De ser absolutamente devotado a algo, música ou uma mulher, sem ter pudores ou se importar com o resto do mundo.
Culhão de ir atrás dos sonhos, por mais bestas e utópicos que pareçam. E conseguir realizá-los e calar a boca de todo mundo.
De se vestir como bem entender.
De tomar uns porres e dar uns vexames e fazer de novo depois.
De pedir colinho quando precisar em vez de ficar se fazendo de fortão.
De resistir às tentações da carne, porque a carne é fraca, mas a cabeça não pode ser.
De se jogar quando o abismo chama.
Culhão de trocar o certo pelo duvidoso sem pestanejar quando tem que ser feito, porque tem que ser feito.
De não fingir.
De falar em vez de ficar se esquivando. De não sumir e encarar as coisas quando devem ser encaradas.
Acho que é isso. Culhão. Você tem culhão? Espero que você tenha. Ou que o seu homem tenha. Ou aprenda a ter. Se bem que isso não se aprende, é inerente. Ou você tem, ou você não tem. Espero que você tenha"

Thursday, October 2, 2008

alegria teimosa

"O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim, de repente, na horinha em que se quer, de propósito - por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia."
(Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa)

Wednesday, October 1, 2008

o fofo e a itália

cada dia mais vidrada na Grande Fuga para a Itália do James Oliver na GNT.
agora não sei o que eu gosto mais, se dele ou dos italianos e da itália.
só sei que ver isso tudo junto é uma delícia absoluta. dou risinhos de deleite toda hora.

Sunday, September 28, 2008

para tempos sombrios

"Onde acaba a possibilidade de esperar, começa a esperança.
Esta noite, amanhã,
Parecerão aos outros dias,
As mesmas palavras, as mesmas tarefas, os mesmos insucessos,
Talvez.

Mas, uma paz que irriga tudo isso;
Não a paz das soluções:
A paz sem soluções.

Uma paz viva
Que consente
Na imperfeição da vida."

Françoise Mallet-Jori

Saturday, September 27, 2008

a tal da falta

conheci um bunitinho que fala lacanês. apesar de eu mesma não falar esta língua, acho bacana ele falando destas coisas de falta e castração e patati-patatá.
então ando com estas coisas na cabeça. de vez em quando lembro da minha falta, da falta de fulano, de cicrano, enfim, da falta da torcida raça fla.
mas nada, nada nem ninguém, se compara a A., a tal da gringa que está aqui em casa. eu já sabia que ela era carente, mas só a convivência pode nos mostrar o grau de birutice das pessoas. e a dela não tem tamanho.
eu já sabia por exemplo, que ela tinha esta coisa de querer aprovação o tempo inteiro, de querer que os outros estejam o tempo todo elogiando ela, falando o quão incrível ela é e coisa e tal. mas ontem eu tive uma provinha de até onde pode chegar o descaralhamento da figura.
fomos a casa da comadre, tomamos uns vinhozinhos e a gringa resolveu dar defeito na saída, já na rua. começou dizendo que tava se achando feia. eu que tava cansada, com a garganta meio ruim e doida pra ir pra casa, só consegui dizer - que nada, deixa disso. não tive saco nem energia pra dizer mais do que isso. afinal, tudo o que eu tenho feito nos últimos dias é carregar esta gringa pra cima e pra baixo, bater papo, consolar (o namorado acabou de acabar com ela por email), elogiar ela, o cabelo dela, dizer que ela não tá gorda não, que a foto ficou linda sim. mas tem uma hora que cansa, né?
só sei que isso virou uma discussão sobre como as pessoas não se importam realmente com ela, não tentam realmente entendê-la, como só o que ela queria no momento é que eu dissesse que ela é bonita e pronto, e patati-patatá. e esta meleca desta DR foi indo até as 3 da matina! sendo que saímos da casa da comadre as 11 da noite.
puta-que-o-pariu! tinha hora que eu pensava assim - não tô acreditando que eu tô tendo este papo tão cabeça por conta de uma besteira destas!
mas a conversa foi avançando e eu, que não falo lacanês mas pareço ter talento pro ofício, fui desconstruindo né? acho que a cachaça no sangue dela foi passando também e ela começou a se dar conta dos absurdos que tava dizendo. então finalmente ela foi se tocando que o buraco é bem mais embaixo. só sei que no final das contas me pediu mil desculpas e conseguimos conversar um pouco do iceberg que rola embaixo disso tudo.
mas sinceramente? não quero e nem tô sendo paga pra isso, tava exausta e bem sei que não tem DR que dê conta da falta dela. nem da minha.
de modo que eu tô doida que ela vá embora pra minha falta poder descansar, ir passear e tomar um pouco de ar puro.
a benção, seu Lacan.

Tuesday, September 23, 2008

adendum

mas mesmo tendo uma cabecinha que é "imã de merda", só por hoje eu não assisto mais novela.
por outro lado, ando viciadinha no james oliver. principalmente depois da sua "grande fuga para a itália". ai que eu quero fazer uma grande fuga para a itália também...

diretamente do blog da carrie, a estranha...

"Mas cabeça de doutorando é ímã de merda. Qualquer coisa é motivo pra perder a concentração."

Sunday, September 21, 2008

a pedra no caminho

"Em frente dessa parede havia uma encosta na qual ficava encravada uma pedra um pouco saliente - minha pedra. Às vezes, quando estava só, sentava-me nela e então começava um jogo de pensamentos que seguia mais ou menos este curso: 'Eu estou sentado nesta pedra. Eu, em cima, ela, embaixo.' Mas a pedra também poderia dizer 'eu' e pensar: 'Eu estou aqui, neste declive e ele está sentado em cima de mim.' - Surgia então a pergunta: 'Sou aquele que está sentado na pedra, ou sou a pedra na qual ele está sentado?' - Esta pergunta sempre me perturbava: eu me erguia, duvidava de mim mesmo, meditando acerca de 'quem seria o quê?' Isto não se esclarecia e minha incerteza era acompanhada pelo sentimento de uma obscuridade estranha e fascinante. O fato indubitável era que essa pedra tinha uma singular relação comigo. Eu podia ficar sentado nela horas inteiras, enfeitiçado pelo enigma que ela me propunha."

(Memórias, Sonhos e Reflexões - C.G. Jung)

clube de esquina 2

"Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos"

Saturday, September 20, 2008

de novo

ai, ai. tristeza e angustia com data marcada é melhor do que as que vem sem quê nem porquê.
mas ando com vontade de pelo menos fazer um floralzinho pra estas minhas tpms.

os medos

eu já escrevi aqui uma vez que tenho medo de papai noel. na verdade eu tenho uma porção de medos (assim como todo mundo, mesmo que não admite, já dizia a música do arnaldo antunes), mas tem estes medos esquisitos.
pois eu tenho este outro medo de cabeleireiro. é um medo pavor, a ponto de eu adiar o máximo que posso um corte de cabelo e pintura. claro, pra fazer unha eu vou no salãozinho perto da minha mãe toda semana e fica tranquilo. mas com corte de cabelo sou chatérrima. só gosto de cabeleireiro carérrimo, e cabeleireiro carérrimo é cheio daquelas frescuradas e peruagens que me assustam. fico com medo de não ter papo, de me vestir muito simplezinha, de perceberem o quão peixe fora d'água eu me sinto ali, sei lá.
acho que na verdade meu medo é não ter papo mesmo. ou falar alguma besteira. deixar transparecer que eu sou absolutamente burra sobre o mundo das celebridades, suas modas, seus cabelos e maquiagens. porque vivo num outro mundo, com um senso estético apurado sim, mas muito pessoal e muito simples.
pois eu descobri um cabeleireiro maravilhoso agora no leblon. fui lá hoje ainda fico maravilhada como o cara é gente boa, descontraído, inteligente. chego lá e não me sinto um E.T.
mesmo assim, já fazia mais de 3 meses que eu não ia lá.
qualquer dia escrevo sobre o meu medo da xuxa...

Thursday, September 18, 2008

palavra de poeta

Tudo que não é invento é falso
Manoel de Barros

P – Este é seu primeiro livro em prosa. O que é a prosa para um poeta? Se fosse um bicho, que bicho seria?

M. de Barros – O livro é de prosa em versos e de poemas em prosa. Eu quisera provar a mim mesmo que: retirar da linguagem o banal faz poesia. Depois é procurar o equilíbrio sonoro das letras, das palavras, das frases. Quero dizer: produzir harmonia. Produzir imagens, na prosa ou no verso, faz poesia. O ritmo é cortado por um ponto ou por um corte. Se a gente desconstruir a imagem com os nossos adoecimentos psíquicos a poesia aparece melhor e mais particular. A poesia é esse bicho sem boca. E que, entretanto, canta.

P - O senhor já anuncia no título, que são memórias inventadas, portanto, ficção, mentira. O senhor já pensou em escrever memórias não inventadas? Acha que alguém pode realmente escrever isso?

M. de Barros – Em literatura, as memórias não inventadas seriam apontamentos, informação sobre a vida de uma pessoa. Memórias literárias têm que entrar na imaginação. Se é a imaginação que produz imagens, as memórias serão apontamentos sobre uma vida. Nunca obra literária. A imaginação não agüenta o que é real.

P – Mais uma vez, o senhor declara seu amor às coisas desprezíveis, diz que é um apanhador de desperdícios, fala dos achadouros da infância e valoriza a sucata. Sua poesia é absolutamente anti-industrial e anti-moderna. Só há poesia nessas coisas laterais? Nas margens? Não pode haver poesia em um automóvel, uma cidade, uma nave espacial?

M. de Barros – Ai meu Deus! Há poesia em tudo. Mas essa é a minha tara, é minha particularidade. Há quem veja poesia até em máquinas mortíferas. Eu prefiro o cisco. O que faz uma poesia ser moderna é a linguagem e não o material usado.

P - Isso quer dizer que a poesia está nas coisas, e não em quem as vê? Mas, em “Ver” o senhor declara também o seu gosto supremo de ver. Afinal, onde está a poesia, no mundo, ou em quem o vê?

M. de Barros – Beleza e glória das coisas o olho que põe. Acho que já escrevi isso. Penso que a gente produz a poesia adotando uma linguagem particular para o ver. A poesia pode sair de uma linguagem de retraves.

P – Em “Parrede” o senhor fala do seu apego a Vieira. Em “Cabeludinho” aparece o interesse sofisticado pelo chiste e pelos jogos de palavras. Em “Fraseador” o senhor define seu desejo. Como se sente um fraseador num universo poético que parece desconfiar da palavra?

M. de Barros – Eu desconfio sim, às vezes, de alguma palavra. Tenho dúvidas de sua competência. Quando assim, eu boto ela de joelhos no caco de vidro até que ela me obedeça, me afague e fique à feição de ser usada por mim. A palavra tem que me ser para que eu a use.

P – A poesia contemporânea é (ou deseja ser) herdeira de João Cabral de Melo Neto. Os senhores parecem habitar opostos extremos. O senhor o lê? O que pensa de sua poesia?

M. de Barros – Leio João Cabral de Melo Neto desde o seu primeiro livro. Poesia é construção com letras. Cabral é construtor de catedrais de palavras. Não importa se a catedral é de severinos. Não importa o tema, os temas. Cabral tratava com o rigor de engenheiro. Acho que a sua poesia tem a duração do para sempre.

P – As iluminuras de Martha Barros, além de muito bonitas, estão em completa sintonia com seu texto. O senhor também escreve com imagens. Já teve o sonho de ser pintor?

M. de Barros – Não tive nunca esse sonho.Mas fiz um curso, como ouvinte, de pintura, no Museu de Arte Moderna de Nova York só para aprender a ver. Aprendi que em pintura também se pode fazer metáfora de pássaros como a Martha fez.

P – “Acho que faço agora o que não pude fazer na infância”, o senhor escreve. Como foi sua infância, muito solitária, muito tímida? Toda poesia é sempre a substituição de uma falta?

M. de Barros – Minha infância a passei numa fazenda no Pantanal. Nesse lugar o tempo era parado. Ou passava mais devagar que lesma. “às vezes a lesma chegava primeiro que o fim do dia. Eu não era solitário. Tinha três irmãos. A gente brincava os nossos brinquedos. No lugar só tinha o nosso rancho e animais de sela. O que sufocava não era a falta de espaço. A gente só via distâncias. A gente inventava brinquedos o tempo todo. Agora eu invento brinquedos com palavras. Um vício que eu trouxe de lá.

Entrevista concedida a José Castello (Jornal Valor) em função do lançamento do primeiro livro em prosa do autor. Publicada em 2/05/03.

Tuesday, September 16, 2008

das coisas delicadas

“Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar - é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada - erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos - não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimentos? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio precisa de existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo”

Guimarães Rosa, “Grande Sertão Veredas”, pag. 56

Friday, September 12, 2008

esperando sophia


pro chá de bebê da minha querida amiga P. e do R.

Thursday, September 11, 2008

long way

Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We're not that strong, my lord
You know we ain't that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It's a long long long long way

Monday, September 8, 2008

mais uma do porteiro fuxiqueiro

quase esquecia de contar esta. outro dia acabei parando na portaria pra assinar não-sei-o-quê de circular que a síndica inventou e acabei engatando num papo com o porteiro fuxiqueiro.
papo vai, papo vem, e ele pede licença pra perguntar se era eu que estava chorando outro dia. claro, era eu. e claro, eu sabia que ele devia ter ouvido. ele e a torcida raça fla. pois chorei alto mesmo, assumo. chorei com toda minha alma. pois tava doendo pra burro, né?
daí ele começou a assuntar - era por causa de homem. sim, claro. a gente só chora assim quando o coração parte, né? e ele sabia quem era. ele disse que pensou até em bater na minha porta pra ver se eu tava passando bem.
mas aí ele queria saber detalhes, né? afinal, o bicho é fuxiqueiro pra burro. e eu que não vou ficar dando mole com estas coisas. o cara já controla quem entra e sai da minha casa. já fica de butuca com tudo que pode.
mas o caso é que ele também notou o que aconteceu depois.
daí disse que eu sou uma mulher admirável. pois daqui a pouco chegou uma amiga. depois outra. depois saímos as três todas lindas e perfumadas.
sim, sou uma mulher admirável. e se eu aprendi uma coisa nesta vida é que mesmo a dor mais doída tem um tamanho, um começo e um fim.

mistério

fui ver "o mistério do samba" ontem.
nem sei o que dizer a não ser que me deu um puta orgulho de ser brasileira e, em especial, carioca.
digam o que quiser, mas o rio é foda!

Saturday, September 6, 2008

os milagres, as folhas e as cartomantes

ando lembrando de uma taróloga que fui há quase um ano. na verdade nem gostei e nem dei trela para o que ela disse na época. não sou de ir nestas coisas e me lembro inclusive que saí de lá meio puta. mas estes dias dei de lembrar o que ela disse, não sei exatamente porquê.
e lembrei também deste escritinho da clarice, que eu amo muito e me acompanha há algum tempo já. pois acho que sou que nem ela - sou daquelas que rolam pedras durante séculos.
e sou a rainha da coincidência.

"O milagre das folhas

Não, nunca me acontecem milagres. Ouço falar, e às vezes isso me basta como esperança. Mas também me revolta: por que não a mim? Por que só de ouvir falar? Pois já cheguei a ouvir conversas assim, sobre milagres: “Avisou-me que, ao ser dita determinada palavra, um objeto de estimação se quebraria.” Meus objetos se quebram banalmente e pelas mãos das empregadas. Até que fui obrigada a chegar à conclusão de que sou daqueles que rolam pedras durante séculos, e não daqueles para os quais os seixos já vêm prontos, polidos e brancos. Bem que tenho visões fugitivas antes de adormecer – seria milagre? Mas já me foi tranqüilamente explicado que isso até nome tem: cidetismo, capacidade de projetar no campo alucinatório as imagens inconscientes.
Milagre, não. Mas as coincidências. Vivo de coincidências, vivo de linhas que incidem uma na outra e se cruzam e no cruzamento formam um leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falasse nele, já estaria falando em nada.
Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.
Uma dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza."

Clarice Lispector

Friday, September 5, 2008

insônia

tô aqui matando tempo e esperando convidados para o jantar. vem o casal que me recebeu em portugal ano passado. uns fofos. e estou feliz em finalmente poder retribuir tanta hospitalidade e carinho.
mas ao mesmo tempo tô morta. ando dormindo mal pacas e noite passada foi foda. mesmo lá em maracaípe não tava bom e olha que era um lugar muito tranquilo. não sei o que passa - simplesmente não tenho sono. a cabeça anda girando a mil talvez.
enfim, hoje tive uma sessão ótima na terapia. foi uma coisa engraçada pois a sessão foi em torno da constatação de que eu, com todos os meus descaminhos, na verdade não sou a doida, desajustada, problemática, que eu penso que sou muitas vezes. na verdade eu nem penso isso sozinha. neguinho tem umas expectativas em relação a gente que acabamos achando que é da gente mesmo. tipo assim - pra eu ser normal era pra eu ter casado e ter tido filho a esta altura do campeonato, era pra eu estar trabalhando e já ter terminado a meleca do doutorado. eu até queria casar e ter filho e ter trabalho e já ter terminado a meleca do doutorado. mas por enquanto simplesmente não rolou.
ai, e como é difícil dizer - sou diferente e daí? tenho meu próprio ritmo e o meu jeito de ser.
mas aí vem uma pessoa que eu sempre tive como sendo o modelo do que é certo e normal na vida - casado, com filho e com emprego. tudo nos conformes. e uma doidice sem par...
prefiro ficar na minha insônia mesmo. pelo menos não tiro o sono dos outros.

Monday, September 1, 2008

fé e conhecimento

tava aqui tentando mexer um pouquito na tese (sem muitas ambições visto que estou longe dos livros e artigos que estou usando pra revisão bibliográfica) e lembrei deste trecho do joão ubaldo que eu adoro. aliás, este livro todo é uma delícia.

"…Mas ela percebeu isso e lhe explicou, com a voz paciente e monótona, que, ao contrário do que se pensa, a magia não é feita de fora, mas de dentro. Por isso é que se fala tanto na necessidade de ter fé para que as coisas acontecam, pois a fé, afinal, não passa de uma maneira de ver o mundo que torna possíveis aquelas coisas que se deseja que aconteçam. A fé, portanto, é um conhecimento, conhecimento que ele não tinha e ninguém lhe poderia dar, só ele mesmo, embora pudesse ser ajudado. Estava disposta a ajudá-lo, se ele quisesse e desde que compreendesse que o mundo pode ser visto de muitas formas. Ele certamente sabia que as pessoas que tem excessiva certeza de que há um só caminho e uma só verdade, verdade que lhes é inteiramente conhecida, são perigosas e propensas a todo tipo de crime. Saber da verdade e querer impô-la aos outros, num mundo onde tudo muda e tudo se encobre por toda sorte de aparências, é uma grave espécie de loucura. Por isso as pessoas assim loucas não entendem o Evangelho dos padres. Lá diz que se dê a outra cara quando se tomar uma bofetada e lá também se parte para encher de porrada os vendilhões do templo. Qual é o certo? A cabeça coroca, a cabeça empedrada, a cabeça que não se aventurou por caminhos que abram outras entradas para ela, essa cabeça escolherá um dos dois jeitos e passará a condenar o outro jeito, inventando as razões mais estúpidas para que o outro jeito não valha nada. Isto porque não compreende que tanto se deve dar a outra cara quanto se deve partir para a porrada, porque a vida é assim, ali diz uma coisa, ali diz outra, a vida não é escrita em tabulinhas, nem suas ordenações são arrumadas como os homens loucos querem, a única coisa arrumada é a mentira, a qual é a explicação certinha. Ela via na cara dele o desapontamento por não receber respostas diretas, mas tentasse compreender que não podia dar respostas assim, havia coisas que dependiam da cabeça dele."
("Viva o Povo Brasileiro" - pag. 524/525 - João Ubaldo Ribeiro)

na praia

eu aqui na praia e terminei de ler o livro Na Praia.
lindo demais. só não chorei porque eu tava na mesa de café da manhã, e veio o meu sobrinho, cunhada e mermão, tudo junto, naquele parangolé de família. daí perdi o momento.
mas fiquei emocionada. eu comecei a ler esperando uma coisa. tipo, eles estavam na noite de núpcias e ficava esta expectativa do sexo que ia rolar. então acho que de repente eu tava na expectativa de uma coisas assim meio-erótica talvez. mas não é nada disso.
o momento do sexo serve sim como um momento de verdade entre eles, divisor de águas, em que tudo se define. e o que se define são coisas profundas, da existência de cada um. ao mesmo tempo o cara consegue usar isso pra falar de um tempo, de uma geração (a geração dos meus pais), e das relações homem e mulher. adoro um texto que consegue tanto sem se alongar indefinidamente.
lembro do calvino, um dos meus gurus na literatura, que escreveu um dos meus livros preferidos - seis propostas para o próximo milênio. pois o McEwan consegue condensar todas as seis propostas em seu texto - leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.
mas voltando ao livro. fiquei com ele na cabeça estes dias. ainda não sei bem a lição de vida que tirei dele (se é que tirei alguma).
talvez tenha me postado a pensar quantas e quais foram as "noites de núpcias" que eu vivi em minha vida.

o inferno é o outro

ai, ai. a pessoa tá num lugar paradisíaco, na frente do mar, deitada na rede, ouvindo o barulho das ondas e tem que se estressar com a neurose alheia.
fala sério! puta-que-o-pariu!
e nem vou falar mais nada porque não vale a pena. como diz a minha amiga A., o lance é seguir dando uma de "john armless" e pronto.

Saturday, August 30, 2008

lá onde o beberibe e o capibaribe se encontram pra formar o oceano atlântico

vim acompanhando a comitiva para apresentar o herdeiro para a família. então a desculpa era passar um tempinho a mais com o gordo e mermão, mas não dá pra negar que eu tô feliz pra burro de estar em recife.
eu já andava com estas reflexões sobre o meu instinto festeiro e sobre como herdei isso da minha mãe. mas chegando aqui eu me lembro que isso é uma coisa da família toda.
eu tenho uma família enorme. tipo assim - 13 tios e tias e uns 50 primos (de primeiro grau, sem contar com os de segundo grau). difícil juntar tudo de uma vez, é claro. até porque uns tios já morreram, outros são brigados, e também porque sei lá, é muita gente pra coordenar, né?
mas basta juntar alguns que a algazarra é garantida. todo mundo falando ao mesmo tempo, rindo, contando histórias, lembrando de casos, alguns dos quais já viraram lenda no folclore da família. porque além de tudo, na minha família são todos uns brincalhões.
ah, e todo mundo adora comer. e todo mundo cozinha muito. e quando a gente chega aqui todo mundo chama pra jantar, almoçar, lanchar, ou o que valha. e toca de comer tapioca, queijo coalho, cuzcuz, suco de cajá, bolo de rolo, e por aí vai.
e houve um tempo também em que bebiam. mais os homens, é claro, que esta terra é machista pra burro. mas tem as histórias das canas que fulano ou cicrano tomou e das coisas que aprontou. e eu como sou a "carioca tresloucada" saía cercada de homens (meus primos e seus amigos. as minhas primas mulheres sempre foram mega caretas) pra farrear com eles.
ah, e tem os carnavais. ai, os carnavais que já passei aqui... até já curti alguns bons carnavais do rio, mas nada se compara a um carnaval em olinda. é uma coisa difícil de explicar pra quem nunca foi. e pra quem foi a gente só consegue falar - ai como é bom...
na verdade acho que eu não consigo explicar direito pra ninguém a alegria que é estar aqui. mistura saudade, com afeto, família, um gosto por tudo que é daqui, e daí danou-se tudo.
então eu vou parar é por aqui mesmo e ir lá fora, pois estou em maracaípe no momento e tem um céu danado de lindo pra eu olhar.

Wednesday, August 27, 2008

jogando conversa fora

não me considero a pessoa mais desinibida do mundo. tem épocas que eu entro numas vergonhas que não tem quem me tire. na verdade são épocas em que estou mais ensimesmada e perdida nas minhas idéias, medos e nóias.
mas tem outras épocas, como agora, que eu dou papo pra estranhos. assim, não é que eu dê papo pra qualquer um. se eu acho a pessoa chata eu não engato muito no papo.
mas o caso é que nestas épocas eu dano de achar as pessoas muito mais interessantes. ou eu acabo atraindo gente interessante, sei lá. claro, nestas épocas estou mais leve, desencanada, achando o mundo um lugar bacana e cheio de coisas interessantes pra descobrir e observar.
só sei que eu curto estes encontros aleatórios. e eu sei pela minha história de vida que às vezes eles geram amizades e relações bem duradouras.
tem a história de como eu conheci a lynn, por exemplo, que vem a ser ex-namorada do zach. e o zach eu conheci porque estava hospedada na casa do mark em nova iorque uma vez. mark que vinha a ser grande amigo do matt, marido da tatiana, amiga do meu irmão. então tava eu na casa do mark, e elka, namorada do mark na época, me leva pra sair. fomos encontrar o zach, que ela conheceu numa festa, mas que já tinha avistado antes no metrô a caminho da festa. quando eu conheci o zach, engatamos num papo incrível logo de primeira. acabei ficando mais amiga do zach do que de elka, e do mark (mas não do que do matt e da tatiana, pois estes eu já conhecia de tempos).
só que depois que o zach veio ao brasil e trouxe a lynn, no meio do carnaval, eu virei irmã da lynn. tipo assim, passamos juntas um dos melhores carnavais da minha vida. lembro até hoje da gente nas carmelitas, em santa, encharcadas de chuva e rindo pra caralho.
lynn morava em nova iorque na época. e eu tinha acabado de ser aceita na universidade de chicago. lynn me disse que um dia iria morar em chicago. um ano depois, tendo largado o emprego em nova iorque, se enfiado num cargueiro e rumado pra asia por uns meses, lynn foi parar em chicago. foi aí que viramos irmãs. quer dizer, já éramos irmãs desde que nos conhecemos, pois apesar de eu ser morena e ela loira, eu e ela parecemos. temos um sorriso semelhante e todo mundo sempre perguntou se éramos irmãs. então viramos irmãs.
a esta altura, zach já tinha sumido da minha vida total.
pois então. tô escrevendo isso tudo pois nas últimas semanas eu conheci pelo menos umas três pessoas assim. teve o bunitinho do dia da dança, que eu nem conversei na hora mas que gostei de cara, não sei bem porquê. e depois teve sabrina, que eu conheci na fila pro visto do consulado americano. sabrina conhece mó galera que eu conheço também, tá indo fazer curso de fotografia em nova iorque, e já trocamos emails e tels. pensei inclusive em colocar sabrina em contato com o zach (não deve ser difícil achá-lo, né?)
neste último sábado, teve doroty (que fala assim - dorotí, e nao dóroti, como a gente pensa logo). eu tava na festa meio chata, num lugar esquisito, e de repente doroty estava do meu lado. fui jogando conversa fora e quando vi estava amiga de infância de doroty. doroty pegou emails e tels, mas nem sei se vamos nos ver ou falar novamente. só sei que antes de ir embora virei pra doroty e falei pra ela aproveitar bastante a vida e ser feliz.
é o que eu tenho feito ultimamente.

Sunday, August 24, 2008

o fogo alegre da minha casa

ah, a festa de hoje me lembrou este poema da adelia prado, que eu adoro.

Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura,
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Adélia Prado

re-festança

pois hoje teve um festão aqui em casa. tô simplesmente acabada mas feliz. é sempre assim, me acabo pra organizar uma festa, passo o tempo todo correndo de lá pra cá, mas A-DO-RO ver a casa cheia de gente e, principalmente, criança. e hoje tinha uma porção de criança. de tudo que é idade e de tudo que é jeito. uma delícia.
e eu, exagerada que sou, fiz logo 5 bandejas de lasanha (embora não tão exagerada assim, pois sobrou apenas metade de uma lasanha e várias pessoas que supostamente viriam não vieram). todo mundo lambendo os beiços e eu toda boba porque sou cozinheira que gosta de um elogio.
comprei também tinta, papel, cola, lapis de cor, pilot, tesoura e etc. e um twister do high school musical (wooohooo!!!). e foi uma bagunça geral na laje. que se alastrou pelo resto da casa.
além disso, (re)encontros, sorrisos, carinho, música, xodós pra lá e xamegos pra cá. clarutcha, xameguenta como sempre, de vez em quando vinha, abraçava minhas pernas, ou me puxava pra ver sua pintura, ou simplesmente vinha gritando - ca-cáááá!!! (ah sim, eu sou a "Cá" dela).
o mais doido é que fui dormir as 5 da manhã. acordei às 8:30hs, meio de ressaca e tendo que agitar várias pendências antes da hora marcada (13hs). mermão querido, motivo primeiro de tanta farra, chegou mais ou menos cedo pra ajudar na logística. mas, pra variar, neguinho chegando e eu ainda na função (minhas produções sempre são mega plus).
depois foram chegando os amigos com quem eu estive ontem, numa noite que começou morna e acabou animadíssima. e ficamos todos rindo das goiabices do dia anterior.
acho que sou mesmo filha da minha mãe. ainda me lembro quando ela fazia umas festas assim e eu era criança, agitadíssima e feliz, brincando com os filhos dos amigos dela.
pois hoje estavam os amigos e os filhos dos amigos. torço muito pra que um dia nossos filhos possam passar isso adiante pra seus filhos, e assim por diante.

Thursday, August 21, 2008

porque que a gente é assim...

ai, mega tpm, uma irritação indescritível, implicando com tudo e com todos e me sentindo gorda, inchada, feia e chata.
puta-que-o-pariu!

Tuesday, August 19, 2008

o dragão


conheci um bunitinho na sexta que me fez lembrar este poema. uma história um tanto insólita, mas engraçada. assim um pouco como este poema.

O dragão

Semana que vem
chega-te pelo correio a lua
puro papelão
que aos teus dedos
transmutará em loiça

Não fosse a gripe
que me assolou esses dias
não fosse a preguiça
os livros e o sono
eu te mataria um dragão

Na entrada da tua vila
deixaria o bicho
pesado como uma hecatombe
(um hematoma na boca do estômago
as asas imensas de bomba
imersas numa poça de sangue verde)

Ora
não te assustes
sei que te acostumei com presentes mais delicados
mas não seria preciso guardá-lo
- telefonarias para o Departamento de Limpeza Urbana
avisando que um louco que te ama
deixou um sonho morto
na porta da tua casa

(Eucanaã Ferraz)

Saturday, August 16, 2008

nos bailes da vida

ai, ai. vou dizer que as últimas semanas tem sido bem difíceis pra mim. não que não tenham coisas boas acontecendo. mas teve uma porção, mas uma porção mesmo, de melecada acontecendo também. daquelas de derrubar a gente e fazer chorar encolhida num canto da casa. e chorar tanto que falta o ar.
mas eu aprendi a chorar pra depois poder rir. e rir eu sei também, como ninguém.
então tô eu neste momento meio esquizofrênico e ontem resolvi sair pra dançar. e só rolou porque foi uma decisão mesmo. tipo, escolher um lugar e coordenar a combinação toda foi uma certa tarefa.
mas deu tudo tão certo. juntei uns amigos queridos, alguns que vejo sempre e uns que não vejo nunca, e fomos todos, determinados, a bailar.
só sei que me acabei de tanto dançar. o corpo em forma, malhado no pilates, com a resistência da corrida, ajudou bastante.
e no final da noite eu tava que não me aguentava. mas feliz. assim, só por estar viva e ter saúde, poder dançar, e rir com os amigos, e fazer passinhos, e rir ainda mais, e azarar os gatinhos, ou simplesmente jogar conversa fora com estranhos, e voltar ao passado...quanto tempo que eu não dançava ao som do prince - don't have to be rich to be my girl...
aliás, esta semana, por algum motivo que não sei bem, eu fiquei futucando o passado. mas não as feridas e sim as coisas boas. voltei no tempo, pra chicago. e fiquei curtindo esta saudadinha gostosa. não de querer que aquele tempo voltasse (pois já passou), mas feliz por ter vivido tudo aquilo. sei que minha vida às vezes tomou rumos estranhos, inesperados, mas é bom poder olhar pra trás e pensar isso - com toda dor que é viver, foi bom, é bom...ah, sei lá. tô meio filosófica hoje.

ps: rosinha, este post é pra você! só faltou tu e paulinho ontem. eram DJs da casa da matriz, veja só, e dani e césar com a gente...

Tuesday, August 12, 2008

acabei

ontem fiquei até as tantas terminando de ler O Ensaio. às vezes sentia vontade de copiar um trecho, mas sabia que não ia ser a mesma coisa se tirado do contexto do livro. pois haviam páginas inteiras que eram pura poesia.
só sei que acabei e ficou aquele mixto de emoção, comoção, esperança e horror.
não sei mais o que dizer por agora. só sei que finalmente entendi porquê o Saramago é um dos maiores escritores da língua Portuguesa.

Sunday, August 10, 2008

o olho que vê

agora vou lendo devagar, não porque não queira terminar logo, mas de aflição que me dá.

"...então a mulher do médico compreendeu que não tinha qualquer sentido, se o havia tido alguma vez, continuar com o fingimento de ser cega, está visto que aqui já ninguém se pode salvar, a cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança." (204)

Tuesday, August 5, 2008

cegueira

tô lendo o saramago assim de uma tomada só. mas putz grila, este livro é soco no estômago legal...

Sunday, August 3, 2008

das consequências inimagináveis dos nossos atos

"...A culpa foi minha, chorava ela, e era verdade, não se podia negar, mas também é certo, se isso lhe serve de consolação, que se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nosso ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala,..."

(Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago, 84)

Saturday, August 2, 2008

Salmo 30

"Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã."

Friday, August 1, 2008

caminhos

isso tá na porta da minha geladeira, mas pelo visto eu tô precisando reler com mais frequência:

"Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias...Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: Possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma."

Carlos Castañeda

Thursday, July 31, 2008

consegui


como eu gosto de acreditar que sou uma pessoa pra cima e bem-humorada, evito de escrever muito sobre chateação aqui neste blog. e quando escrevo, procuro ver o lado bom.
mas agora tem uma coisa realmente boa pra escrever. tão boa que não precisa nem de firula.
hoje acordei, abri o email e tinha a notícia de que o painel que eu organizei com A. e A.P. para o encontro anual da AAA (American Anthropological Association) lá em San Francisco, foi aceito.
sim, foi uma trabalheira e um stress danado organizar este painel. e agora rolou o retorno.
muito bom, muito bom mesmo.
e o melhor é que poderei viajar pra gringolândia com a minha querida amiga A. e mostrar a birutice que é aquilo lá pra ela.
não que eu ande infeliz ultimamente, muito pelo contrário. a vida tá boa e movimentada (às vezes até demais), mas esta foi uma das melhores notícias dos últimos tempos.
no mais, mauá continua encantada e sampa continua uma coisa insana e maravilhosa (nunca pensei que um dia fosse dizer isso de são paulo...).
a viagem pra sumpaulo foi ótema. mais pela chance de curtir os amigos queridos do que qualquer outra coisa.
quer dizer, tiveram os sapatos. e este outro "estrago" que eu fiz (foto acima).

Monday, July 28, 2008

sapatos de dorothy

sou uma pessoa de alguns luxos. não digo muitos, pois conheço gente que é tão pior do que eu. não digo poucos, porque já tê-los é sinal de que sou chegada a coisa.
não posso dizer que sapatos sejam um deles. sempre tive birra de sapatos. a começar com o fato de que em criança eu tinha que usar sapatos ortopédicos e não podia nunca usar os sapatinhos bonitinhos que eu queria.
depois veio isso de calçar 40 e ainda ser "bico largo". um inferno encontrar sapato que desse. sapato que desse e fosse confortável então, nem pensar!
pois tem uma marca de sapato que dá, é confortável e lindo de morrer! só que caro que dói. comprando aqui em sampa fica mais em conta, mas ainda assim...
de qualquer forma, eu quis ir lá comprar. afinal, pra completar, o sapato dura uma vida. então acaba valendo a pena.
esta é a foto do meu novo queridinho.
estou apaixonada!

Wednesday, July 23, 2008

sampa

arrumando a mala e a cabeça pra embarcar pra são paulo. visitar amigos queridos e ver uma porção de coisa nova.
delícia.

Thursday, July 17, 2008

bricolagem de pensamentos

tô aqui escrevendo a tese. aos pouquinhos, mas tô. cada dia mais um tantinho, ajuntando umas idéias a princípio meio desordenadas, mas que ganham coerência a medida em que vou colocando-as em palavras, mexendo e remexendo daqui e de acolá.
pois tava aqui matutando que eu penso as coisas, o mundo e as pessoas assim também - ajuntando os caquinhos e depois admirando o mosaico.
estas últimas semanas fui pensando mais uma das minhas reflexões filosóficas de botequim, que não tem nada de tão extrordinário ou original além do fato de eu tê-las pensado a partir de uma série de experiências meio disparatadas.
claro, sempre tem um fator precipitador, algo que me faz finalmente dizer - tá vendo?!?!?
e esta coisa foi o programa do happy hour de ontem, que era sobre o uso de antidepressivo e o preconceito que existe contra isso. o programa era pra desmistificar o uso de antidepressivo, mas virou uma ode ao dito cujo. e foi justo isso que me deixou meio bestificada.
porque mal se falou sobre o que é depressão e porque de repente todo mundo tem isso e todo mundo precisa de remédio. foi só "depressão existe e antidepressivo é bom", e ponto final. agora caberia ao mundo simplesmente aceitar isso como natural e não discriminar (e muito menos questionar!!!) o uso crescente de antidepressivos.
digo isso não pra condenar o uso de antidepressivos. muito pelo contrário, sei que há casos em que é extremamente importante e necessário. só não acho que é só isso. tem muito mais em jogo, inclusive pensar o que em nossa vida e nossa atitude diante do mundo e das coisas facilita a instalação de um processo depressivo.
fiquei lembrando de um ex que tinha dores de cabeça lancinantes (além de uma porção de outras mazelas físicas) e que não se cuidava nem um tico. eu ficava aflita com aquilo é claro, e o questionava a respeito. ele respondia que estava se cuidando sim, que tomou tal e tal remédio (anti-inflamatórios e analgésicos) e que ficou de molho um tempo. pra depois voltar a fazer todos os estragos e exageros que o deixavam mal e com dor novamente. então isso é se cuidar? abafar o sintoma? a dor? e continuar fazendo tudo torto?
tudo bem, tomar anti-inflamatório e analgésico. na hora em que a dor pega feio a gente fica meio alucinado e quer mais é se livrar daquilo. mas depois que o pior passa é repensar nosso estilo de vida, né?
pois acho que é igual com anti-depressivo. e com uma porção de coisa na vida da gente. todo mundo só quer se livrar da dor e do sofrimento, mas ninguém se dispõe mais a olhar pra estas coisas de frente e com coragem. entender a função que aquilo tem na nossa vida pra finalmente aprender a conviver com isso numa boa. pois dor e sofrimento sempre há de haver, depressão é justo quando a gente se atrapalha em conviver com estas coisas de uma forma saudável.
pelo menos é assim que eu acho.
e não tô falando isso pra cagar regra não. eu já passei por um episódio depressivo muito sinistro no final da minha adolescência. e saí dele sem remédio. não porque me recusasse a tomar remédio, mas porque não atinei que aquilo era depressão. pra mim o problema era outro (não menos sério, mas outro...). o caso é que não só saí disso, mas saí disso um pessoa imensamente melhor. foi doloroso? demais. poderia ter sido menos doloroso e longo? talvez. mas o caso é que isso teve uma função. me fez rever uma porção de coisas e mudar de uma forma bem radical. não digo que um anti-depressivo fosse me roubar desta experiência, mas talvez ela não tivesse sido tão marcante.
de qualquer forma, o que eu queria falar era mais simples do que ficar pregando ou condenando anti-depressivo. queria falar é dessa impaciência e pouca disponibilidade que as pessoas hoje em dia tem para aprender com as experiências e mudar. fica todo mundo no mesmo lugar, repetindo os mesmos erros, e simplesmente manejando todas as cagadas resultantes destes erros com a droga que for.
ai, ai. tem horas que me dá um cansaço...mas daí eu me lembro que tudo muda a seu tempo e ao seu modo. depois de muita porrada ou pouca. com ou sem antidepressivo.

Monday, July 7, 2008

mais uma de amor...

esta eu roubei da Reina. embora seja, é claro, do mestre Drummond.
de qualquer forma, não resisti. é assimzinho que eu sinto. poesia é bom por isso, explica melhor que a gente às vezes.

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã

Sunday, July 6, 2008

par ou ímpar

tava na cozinha lavando louça e de repente me veio o seguinte pensamento - tem gente que é par e tem gente que é ímpar.
acho que eu sou ímpar.
é, foi mais ou menos isso que eu pensei.
tentei pensar um pouco mais nas implicações disso, mas me deu uma enorme preguiça. ando com uma preguiça enorme de uma porção de coisa.

Wednesday, July 2, 2008

pra eu aprender a deixar de querer perfumar a merda

pois eu ando melhor da minha alergia, mas ainda um tanto entupida. especialmente a noite.
mas o caso é que tem outra coisa entupida aqui em casa e neste momento esta é minha maior preocupação.
eu comprei um daqueles negócios de perfumar privada e botei lá. só que o treco já veio meio bichado, não prendia direito. já tinha caído duas vezes dentro da privada. e é um treco de plástico, onde você bota um bastão perfumado dentro. a burra aqui, ao invés de desistir e jogar logo fora, resolveu usar o velho e bom araminho de pão pra dar uma segurada.
pois a geruza veio aqui limpar na segunda. e na sua pressa e estabanação, derrubou o treco no vaso. daí, não sei se ela ou se eu, deu descarga. ou seja, o treco entupiu a privada.
e cadê que a meleca saía?
daí fui comentar isso com o porteiro fuxiqueiro. o cara fala feito uma matraca e disse que cuidava disso, mas que ia ter que tirar a privada. puta merda, né? meu banheiro novinho e já tendo que fazer uma melecada dessas...
pois ele veio, teve que tirar a privada sim e toca a futucar a privada com um arame pra tirar a meleca. acabou saindo. mas, claro, junto com o treco de plástico tinha melecas de outro gênero. então tô eu com porteiro fuxiqueiro no banheiro e a mão na minha merda.
e não pára aí. aproveitando que ele tava aqui, eu resolvi dar duas malas pra ele que estavam guardadas no quarto de empregada, só tomando espaço. malas velhas e empoeiradas. eu até tentei dar uma verificada nelas antes de dar, mas não pude fazer nada muito meticuloso pois a alergia não me deixa.
agora toca a campainha e é o porteiro fuxiqueiro. veio devolver a minha calcinha que ficou dentro da mala...não preciso dizer que tô pra morrer, né?

Sunday, June 29, 2008

minha vontade é de jogar todas as minhas roupas fora...

...junto com o meu nariz, a minha garganta e todas as minhas vias respiratórias.
eu tô vivendo um verdadeiro inferno alérgico estes dias.
pois minha casa ficou fechada por quase 3 meses. quer dizer, quase, pois tinha a obra do banheiro. mas os armários ficaram. meus casacos e cobertores viraram criação de ácaro e fungo. a poeira da obra ajudou a consolidar a lambança no resto da casa.
quando chego, tá chovendo e faz frio. nada seca direito, e arejar é um conceito meramente teórico.
resultado - minha velha e boa rinite alérgica me pegou de jeito e me tortura há mais de uma semana já.
daí tá frio, eu tento colocar uma roupa, pego qualquer coisa do meu armário e começo a fungar e espirrar loucamente. como já tá tudo bichado da garganta pra cima, incluindo a parte exterior do meu nariz, da minha boca e a área dos olhos, a coisa só faz piorar ainda mais.
já nem sei mais o que fazer. minha vontade é não só de jogar tudo fora, mas de sair fugida pra algum deserto que seja quente e seco. LA-la-land nestas horas é o paraíso perdido....
putaqueopariu!!!

Saturday, June 28, 2008

os oráculos e os azande

pois ontem eu passei o dia tentando me concentrar pra escrever mas tava difícil. não por falta de vontade, mas o corpo e suas mazelas me aporrinhando. uma cólica dos infernos e os resquícios de uma rinite alérgica que vem me atormentando há mais de uma semana.
mas quando sentei e fui reler o que tinha escrito antes, pra editar, melhorar e escrever mais, dei com o trecho em que falo do evans-pritchard e dos azande. acho esta uma das etnografias mais incríveis que eu já li. e não por conta da escrita e do formato, pois estes seguem aquele modelo clássico mesmo do século XIX. mas pelo modo como este indivíduo encarou a história toda. pois ele foi lá pro meio da áfrica, no meio de um povo que usa de um oráculo que consiste em dar veneno pra um frango lá especial. se o frango morre é uma resposta, se não morre é outra. ele escreve sobre isso, explicando tudinho e, o melhor de tudo, dizendo que depois de morar lá um tempo não só esta história começou a lhe parecer razoável, como ele também começou a fazer uso do oráculo.
amo isso. diz ele, com seu jeito pomposo de antropólogo do século XIX:

I found it strange at first to live among Azande and listen to naïve explanations of misfortunes which, to our minds, have apparent causes, but after a while I learned the idiom of their thought and applied notions of witchcraft as spontaneously as themselves in situations where the concept was relevant.

claro, não dá pra não pensar na minha própria experiência na gringolândia. mas será que aprendi mesmo a usar os oráculos de lá?


Tuesday, June 24, 2008

enfim, o sono

depois de um tempão dormindo super mal na gringolândia, meu sono dá sinais de voltar ao normal. tenho dormido maravilhosamente bem e sonhado a beça (só que nem lembro muito dos sonhos, de tão profundo que meu sono está).
é que lá também estava chegando o verão. muita luz. não durmo bem com tanta luz.
e aqui, neste friozinho e escuridão....ai, ai. só não tá melhor porque andei assombrada pela minha rinite alérgica.
ah, e outra coisa que não tem nada a ver com o assunto mas que eu queria falar. ontem fui ver Estômago. simplesmente o máximo!!!

Tuesday, June 17, 2008

feliz

ai, nem sei o que dizer. tô tão feliz de estar de volta. engraçado que muitas vezes quando a gente cria expectativa nunca as coisas são do jeito que a gente esperava.
pois minha chegada foi melhor do que eu esperava. talvez porque não esperasse muito. nada além do que estar de novo na minha casinha.
pois tiveram sim um problemitchas. tipo o meu banheiro que ainda não está pronto. mas o que é pior, tá sem água quente. neste friaco, isso é simplesmente o fim da picada. mas tudo bem. ficou lindo e eu fiquei feliz mesmo assim.
mas o melhor de tudo foram os meus amigos que simplesmente apareceram aqui ontem a noite pra me dar as boas-vindas. de repente a casa tava cheia. com direito a cachorro, criança e grávida (claro, eu não consigo mais viver sem uma grávida por perto. ha, ha!!!). aquela zoeira e bagunça que eu amo que façam na minha casa.
mas o melhor de tudo foi afilhadinha me abraçando e beijando a noite toda. a bichinha tava morta de saudade mesmo. acho que nunca desde que ela começou mesmo a se entender por gente e ter noção das coisas, eu fiquei tanto tempo longe dela. e nada como matar saudade pra aquecer o coração da gente, né? pois ontem saiu todo mundo um pouco mais feliz daqui de casa e com o coração quentinho, quentinho.

Monday, June 16, 2008

Coréia, Brasil e Lousiana

Pois meu último dia em Lost Angeles (a-do-rei as piadinhas sobre LA no Sex and the City) foi assim tão cheio de emoções e eu fiquei com dó de ir embora. É sempre assim, eu começo a me acostumar, curtir, e tenho que ir embora.
Ontem lembrei porque agüentei viver aqui por tanto tempo. Pra começo de conversa, no final das contas eu já tava cheia de melhores amigos de novo. Minha vizinha A., apesar de umas tantas birutices, mostrou-se uma grande amiga e companheira. Já estamos cheias de planos pra sua visita em setembro (sim, em setembro ela vem me visitar no Rio).
Pois ontem eu fui com ela e E. num spa em koreatown (o bairro coreano aqui de LA). Eu já tinha ido lá antes com Rosinha, mas nunca tinha feito nada além de usar as piscinas e saunas. Pois ontem eu não fiz por menos – marquei uma massagem de shiatsu. Eu tava com a lombar totalmente detonada com todo o estress do final da viagem e mais uma certa exagerada no exercício (me empolguei, reconheço). A mulher até botou o pé nas minhas costas. Foi incrível! Saí de lá nova!!!
E o spa é tudo de bom. As mulheres todas peladonas e super na boa. Umas senhoras idosas, umas gordonas, umas magríssimas, velhas, novas, e tudo o mais que pode haver dentro deste universo que chamamos de sexo feminino.
Depois fui no meu terceiro (e graças a Deus último) chá de bebê desde que cheguei aqui. Já tava sem a menor paciência pra estas coisas. Pois o penúltimo foi o Ó. Só mulherzinha, sentadinhas em roda e emitindo aqueles melosos “how cuuuuuuute” cada vez que se abria um presente.
Pois esse era da M., amiga brasileira que mora aqui. Eu já devia saber que não ia ser a mesma encheção de saco que os outros. Mas cheguei lá e tava tudo decorado com coisa de neném, inclusive com o cafonérrimo bolo de fralda que neguinho faz aqui. Fiquei bolada, é claro.
Mas foi só começar o evento que eu lembrei como era boa nossa galera aqui. De repente o treco virou o maior rock’n roll, com direito a Blitz, Lobão e tudo. E mais um churrascão daqueles, cerveja, caipirinha, homem, mulher, criança, cachorro e uma zoeira maravalhosa! Daquelas que nunca se vê por aqui.
Por fim, saí correndo pra ir na festa que N. estava dando pra comemorar sua formatura. N. é uma fofa de Lousiana. Daquelas que é super perua mas que quando bebe fala uma porção de besteira, e perde toda a compostura. O marido dela é outro fofo. Os dois moraram no Brasil enquanto ela fazia a pesquisa de campo. Pois pra melhorar tudo eles ainda falam Português. Encontrei minha orientadora lá, que apesar de esquisitíssima e meio socially inept, é outra fofa.
Enfim, foi ótimo. Só não foi melhor por conta do meu estress com a viagem. Umas malas enormes, daquelas que dá vergonha. Eu fico péssima com estas coisas. Mas não quero nem saber – P. vai pagar o excesso, pois boa parte disso é coisa pra neném dela.
Aliás me prometi que nunca mais levo nada pra ninguém.
Agora tô eu aqui no LAX, sentadinha, esperando a hora de ir embora.

ps: escrevi isso lá e tô postando aqui....

Friday, June 13, 2008

acelerada

demorei pra embalar no ritmo aqui da gringolândia, mas agora que embalei tá difícil desacelerar. não tenho dormido bem por conta disso. muita coisa na cabeça.
ontem eu fui conversar com dois dos meus orientadores. que leram o que eu consegui escrever aqui pra tese e acharam ótimo. assim, só isso. sem aquela porção de pergunta ou de questionamentos. nem acreditei na minha pessoa. escrevi isso assim meio nas pressas e meio na pressão, que não é o meu jeito favorito de fazer as coisas. mas realmente, quando escrevi parecia bom. e era mesmo.
enfim, agora é só aproveitar o ritmo e ver se termino logo esta meleca desta tese.
no mais, as notas foram lançadas e daqui a pouco começam os emails dos alunos reclamões. detesto este pedaço. mas enfm, faz parte. ajuda saber que daqui a exatamente dois dias parto de volta pra minha casinha.
mas antes disso, uma porção de coisas pra resolver.

Wednesday, June 11, 2008

acabei

acabei de corrigir todas as provas que tinha pra corrigar e entrar todas as notas que precisava no sistema.
agora ainda falta acertar umas coisas antes de submeter as notas finais, mas o pior já tá feito.
trabalhei feito uma mula hoje. desde as 7 da manhã tô nesta função (sendo que agora já passa da meia-noite). acabei ficando meio puta pois os meus outros colegas fizeram corpo mole (principalmente um deles que eu já implico de tempos) e eu acabei tendo que fazer um pedaço do trabalho deles. aliás, este indivíduo com quem eu já vinha implicando fez corpo mole o trimestre inteiro. e eu fazendo mais do que devia.
mas enfim, nem quero saber. eu terminei minha parte.
no final até que nem foi tão ruim esta aula. e a professora é uma figuraça.
agora é resolver mais umas coisitas aqui e ali e finalmente voltar pra minha casa.
ai, ai.
meu cerébro tá completamente frito.

Friday, June 6, 2008

me, myself and I

ai, que eu ando escrevendo loucamente. sei lá, acho que só poder usar a minha língua já faz de escrever um prazer a mais. embora tenha que confessar que ando meio impressionada como o meu inglês tá afiado. quando eu penso que não dá pra melhorar, melhora ainda mais um pouco. enfim, mas não é disso que eu queria falar. queria falar que apesar de ter resmungado horrores desde que cheguei aqui (parece que este blog virou meu muro de lamentações preferido), tem umas coisas bem bacanas rolando comigo.
e são coisas minhas, só minhas, não tem nada a ver com nenhuma circunstância ou pessoa.
o caso é que de algum tempo eu ando incomodada com o meu peso. a questão do peso é coisa de toda vida pra mim, mas já faz muito que deu uma boa estabilizada. ainda assim eu vinha engordando um pouquinho aqui, e outro pouquinho ali. assim, de pouquinho em pouquinho, eu cheguei num peso que não tava me deixando nada feliz.
pois desde que cheguei aqui resolvi que ia cuidar disso. mas foi daquelas resoluções que a gente faz pra si mesma e só pra si.
e rolou. já emagreci mais de 6kg. tô mais esbelta, mais bonita, mais fogosa... (e eu que tinha deixado pra lá um pouco este meu lado).
além disso, comecei a me exercitar regularmente. tenho corrido. cada dia um pouco mais. tô mais disposta, mais alerta. comendo melhor, mais saudável. com isso comecei a me cuidar ainda mais. cuidar da minha pele, dos meus cabelos. me vestir melhor. me perfumar. uma coisa levando a outra.
enfim, eu sei assim na teoria que sou uma mulher bonita e sexy, mas tem hora que eu esqueço disso no dia-a-dia. vou me largando aos poucos, sem sentir. pois agora tô tomando posse da minha beleza de novo. tudo isso pra mim, e não pra agradar os outros (especialmente os homens. embora acabe agradando....) e tá sendo muito gostoso isso. é bom sentir que pelo menos alguma coisa na minha vida anda sob controle. e de uma forma tão tranquila e serena.
ajuda a confiar que o resto virá na hora certa.

adendum: claro, no meio disso tudo, a tese começou a sair. devagarzinho, mas direitinho. se continuar fluindo tão bem assim vai ficar bem bacana. pois além de linda, gostosa e fogosa, eu sou bem inteligente também. ha, ha!

Thursday, June 5, 2008

mais um

eu devo ser um magneto mesmo pra maluquice alheia.
tem um cara aqui no departamento que eu já apelidei de creepy guy. todo mundo, sem exceção, acha o cara pancadinha. acho até que o figura é bem inteligente, mas de um jeito tão fora da realidade que acho que nem serve pra nada (se um dia ele virar professor, eu que não quero ser aluna dele).
pois eu fui dar papo pra ele um dia, logo no começo do quarter. é que a mesa dele é perto da minha lá no TA office. desde então ele tenta de tudo quanto é jeito puxar papo comigo.
eu já aprendi que a melhor coisa é levar o headphone pro office e trabalhar ouvindo música. até porque, se eu não fizer isso não consigo fazer nada (é um ti-ti-ti danado ali).
esta semana ele me pegou de novo num papo daqueles sem eira nem beira. eu nem queria, mas o homem chegou, sentou na cadeira dele e ficou virado pra mim me encarando. até que achou um comentário completamente aleatório pra fazer e quando eu vi ele estava lendo foucault pra mim.
demorei uns 30 minutos pra me desvencilhar da figura. porque eu sou tão bundona que quando começo a engrossar e cortar a onda do outro, fico com pena e dou pra trás de novo.
enfim, ontem ele veio aqui em casa ver o apartamento. porque minha roomate tá de mudança pra dinamarca e vai passar o apartamento pra ele. como ela tá passando a maior parte do tempo com os pais agora, ela me ligou e pediu que eu mostrasse o apartamento pra ele.
e não é que o maluco chega aqui, fica todo feliz em me ver (ele não sabia que eu e S. éramos roomates), e acha que eu ia ficar aqui pra ser roomate dele e termos altos "papos inteligentes"?
só sei que eu mostrei tudo rapidinho e o despachei o mais rápido possível.
putz grila. vai ler foucault pra vovózinha!!

Wednesday, June 4, 2008

deus é difícil


neste domingo eu fui ao cinema às 11:40 da manhã. aqui matinê é cedo mesmo!
vi um filme que mexeu pacas comigo. nem era o filme mais cabeça de todos os tempos e tinha umas coisas meio desalinhavadas. mas acho que foi mais o tema mesmo que mexeu comigo.
de qualquer forma, nem tô afins de falar do filme, nem sobre o assunto. tenho falado e pensado tanto sobre este assunto que já tô até cansada.
mas teve uma cena que não me sai da cabeça desde então.
tem uma personagem que é judia, mas judia daquelas que reza antes de fazer tudo. só que na hora em que ela está prestes a fazer uma das coisas mais importantes da vida dela ela não reza. daí a mãe a questiona sobre isso. ela começa a falar de deus. diz que pensava que deus era bom e protetor, mas que às coisas andavam tão complicadas pra ela que ela começou a duvidar que ele existisse e/ou pudesse ajudá-la com aquilo que estava prestes a fazer.
daí a mãe vira pra ela e diz que talvez deus não seja bom, paizão, protetor, etc. talvez deus seja difícil.
desde então não páro de pensar em como deus tem sido difícil comigo nos últimos tempos.

Tuesday, June 3, 2008

verde

olha, eu tô ficando metida mesmo. vou aparecer no happy hour de novo, nesta quinta dia 5 de junho. falando sobre sustenabilidade. modéstia a parte foi óóóóteeeemo!!!

Sunday, June 1, 2008

faltam exatamente duas semanas...

...pra eu voltar.
mas quem está contando né?
hoje clarutcha me ligou pelo skype (sim, foi ela que pediu pra comadre ligar) pra dizer que estava com saudade. me perguntou pela milésima vez onde eu estou e o que estou fazendo. entre várias lambidas e babadas no microfone me mostrou o livro novo que ela ganhou, sua meia calça cor de abóbora (eu acho) e me mandou beijinhos pela webcam.
pediu também que eu "jogasse" pra ela o elefante de pelúcia que eu lhe mostrei pela webcam. e perguntou quantos ônibus precisava pegar pra chegar aqui.
por mais que eu explique a bichinha não consegue entender como alguém pode estar tão longe e tão perto ao mesmo tempo.
nem eu.
só sei que chega dói de saudades nestas horas.

Wednesday, May 28, 2008

humpf!

tô num mau humor de cão!

Monday, May 26, 2008

correspondente internacional

eu fico meio envergonhada de ficar me amostrando assim, mas agora que já apareci umas três vezes no happy hour, tá na hora de assumir minha carreira artística! ha, ha!

Friday, May 23, 2008

montanha-russa

hoje eu fui fazer a coisa mais divertida da gringolândia!!
não, não é fazer compras, acreditem se quiser. a coisa mais divertida daqui se chama Six Flags e é um parque inteeeeeiiiro, imeeeeenso, SÓ de montanha russa.
só indo lá pra entender o quanto isso é maravilhoso.
euzinha que no brasil sempre fui uma bundona-medrosa, quando ouvi este papo de montanha-russa nem quis dar bola, né? mas um namoradinho lá de chicago me convenceu de que eu tinha que pelo menos experimentar. o namorico não durou muito, mas até hoje eu agradeço a ele por ter me apresentado a este inegualável prazer.
enfim, deixa eu contar direitinho como foi.
comprei ingresso antes. mas ontem aconteceu uma coisa aqui que chega a quase ser um evento, pois nunca acontece - ontem choveu. e a previsão de tempo pra hoje deu chuva. eu já achando que ia melar tudo, pois parque ao ar livre com chuva não rola, né?
pois foi melhor ainda, pois muita gente deve ter desanimado por conta disso. e no final das contas ficou nublado hoje lá mas não choveu. então nem tava tão cheio, não tinha fila quase nenhuma (a não ser pra Tatsu. mas a Tatsu é uma história a parte).
no começo, quando eu vi aquelas montanhas russas tão radicais dei uma leve amarelada. fazia tanto tempo que eu não ia que já tinha perdido o hábito (nunca fui no Six Flags daqui, só de Chicago). mas foi só ir na primeira montanha-russa que eu não quis parar nunca mais.
daí por fim fui na Tatsu. era a minha graduação mor, segundo a minha amiga A. que foi comigo. pois a Tatsu é diferente de tudo, é a coisa mais esquisita do mundo. a pessoa sai na horizontal, de barriga pra baixo, e a partir daí a coisa só vai ficando mais e mais bizarra.
depois da Tatsu voltamos pra casa. eu tô zonza até agora.