Thursday, December 27, 2007

céu de brigadeiro

fui andar no aterro e o céu tá tão lindo, o mar tão reluzente, que eu chega fiquei mais feliz.

Tuesday, December 25, 2007

e ainda ficou melhor...


pra completar o bom natal ainda teve um outro presentão daqueles que não tem preço.
um amigo de infância, pessoa queridíssima, que tinha sumido do mundo, nos presenteou com sua presença no nosso natal.
todo mundo ficou super emocionado, mexido e teve que fazer força pra segurar a onda e agir o mais natural possível. é que ele, mais novo que eu, tem mal de parkinson. e a coisa já tá num estágio que ele treme muito e tem uma certa dificuldade de locomoção. por isso sumiu de tudo e de todos, que esta barra é pesada demais pra pessoa não desequilibrar emocionalmente. pois pra completar a merdança, ele ainda era fotógrafo e câmera. e dos bons. e agora...bem, agora nada.
mas eu fiquei tão feliz de vê-lo ali!!! e mais feliz ainda porque ficamos horas no maior tê-rê-tê-tê, conversando sobre mil coisas do mundo e da vida, todo mundo no maior astralzinho.
e pelo menos por uma noite foi como se não houvesse tanta dor e perda, e a vida fosse simples e alegre, como se o amor pudesse mesmo ser maior que tudo.
mas afinal, não era isso mesmo que o cristo veio nos ensinar?

Monday, December 24, 2007

pai natal

uma das coisas que me divertiu em portugal foi descobrir que eles chamam papai noel de "pai natal". já nem sei porquê achei graça, mas dado que estava achando graça de tudo, não é nenhuma surpresa.
só que agora, pensando melhor, é um nome bem bacana. não fica aquela coisa infantil de "papai" e nem fica muito personalizado na figura de noel. pois o pai natal pode muito bem ser um espírito.
e pra mim isso tem tudo a ver.
acho esta época do ano um momento muito difícil. as pessoas ficam muito agitadas, ansiosas, agressivas até, e muitas vezes deprimidas. tudo isso embolado com o calor do verão que chega, então já viu.
mas eu gosto de pensar no natal, e no final do ano de uma forma geral, como um momento especial - de reformulação, balanço, limpeza, encerramento de um ciclo. e levo isso muito a sério, não fico só no "ano que vem a gente vai acordar diferente e vai ser tudo melhor".
então pra mim o natal mais feliz é aquele em que consigo realmente fazer estas coisas, me encarar de frente, deixar o orgulho de lado e tirar os esqueletos do armário.
esta última semana eu consegui fazer isso, e ontem, por conta disso, eu recebi o melhor presente do ano.
e o engraçado é que não foi nem uma coisa material. foi simplesmente um email.
história complicada e longa, que nem vale contar aqui. mas a minha versão simplificada desta história é assim - eu escrevi pro pai natal pedindo paz e ele me mandou um email atendendo meu pedido.


ps: ontem também descobri que eu tenho medo de papai noel. tava andando pela galeria condor e tava lá o "bom" velhinho esperando as crianças pra tirar foto. chega me deu nervoso de passar perto. pensei um pouco e acho que o nervoso é de ver uma pessoa enfiada numa roupa de veludo vermelha, atrás de uma barba imensa, neste calor dos infernos. boa coisa não pode ter por trás disso...

Monday, December 17, 2007

presente

se tem uma coisa que eu odeio nesta vida é fazer compras de natal. ou melhor, fazer compras. não agüento quando eu entro na loja, pula um vendedor em cima de mim e gruda. pergunta se eu tô procurando algum presente, se eu preciso de ajuda, etc, etc. os piores são os que, mesmo eu dizendo que só tô olhando, ficam ali do lado, me secando. fico tão incomodada com isso que saio logo da loja.
é que gosto de ficar pensando bastante antes de comprar qualquer coisa. tem uma porção de perguntas - se quero aquilo; se preciso mesmo; se dá pra pagar; se eu vou usar mesmo; quando eu vou usar; com quê roupa; em quê situação; se tá confortável; se a cor é da minha palheta; etc, etc.
e se for presente então, é pior ainda. pois a pior coisa do mundo é ter que comprar presente pra alguém. veja bem, digo "ter que" comprar presente, pois eu adoro comprar presente quando acho a coisa certa pra pessoa que eu amo. e eu sou meio doida mesmo - quanto mais eu amo, mais eu vou dando presente. e não é porque quero comprar afeto ou coisa assim. porque muitas vezes são os presentes mais bestas. uma vez comprei um chicletinho prum namorado. porque achei bonitinho. e achei que ia ficar mais bonitinho ainda embrulhado, dentro de uma caixa com mais uma porção de besteirinhas do gênero. outra vez dei pro mesmo namorado uma sacolinha cheia de coisa que peguei em lanchonetes, restaurantes e cafés - açúcar, catchup, mostarda, geléia, garfo de plástico, sal, pimenta, adoçante, manteiga, etc, etc. era nos estados unidos e eu achei graça de tanta coisa que a pessoa podia ir pegando, à vontade, nos lugares (na verdade achei graça e achei triste, ao mesmo tempo). no meio disso tudo enfiei um charuto cubano, que ele gostava de fumar charuto, e um imã de geladeira do elvis presley. porque afinal o elvis não morreu.
o fato é que acabo comprando uma porção de presentes pra quem eu amo porque vou lembrando das pessoas quando vejo certas coisas. então se é uma pessoa que eu ando pensando muito, daí já viu, né?
mas se eu "tenho que", daí eu travo. não acho nada. é tudo caro. tudo sem graça. sem vida.
esse é o problema das compras de natal. vira tudo uma obrigação infernal.
e nesse natal eu tô pior. pois caí de pára-quedas no natal, voltando de uma viagem no tempo e no espaço. tava lá na terra miguelita, lendo e aprendendo sobre reis e rainhas, mouros e quixotes.
claro, cheguei aqui sem o menor clima pra coisa nenhuma. ano passado eu ainda me animei de fazer os presentes. isso sim, eu curto demais. mas este ano, só de pensar em entrar no deserto do saara, com seu mar de gente e calor infernal, pra catar os materiais, já desanimei.
este ano não quero comprar e nem fazer nada. quero é descansar e tomar fôlego pra escrever a tese.
então tomei duas importantes decisões:
1- já que, por alguma matemática louca, tem um dinheirinho sobrando depois desta viagem enorme, resolvi que não vou comprar presente pra ninguém. vou é ajudar quem tem dinheirinho faltando. já pensei nuns jeitos e tô colocando em prática. as pessoas para quem eu costumo dar presente vão ganhar presente quando tiver presente pra eu dar pra elas. e não porque eu "tenho que".
2- já que pra criança não tem jeito, tem que comprar presente mesmo, resolvi que a criançada toda vai ganhar livro neste natal. nada de brinquedo. chega de entupi-los com brinquedos. então é só ir na livraria e comprar logo tudo de uma vez.
e resolvido o assunto.

Sunday, December 16, 2007

I don't want to stay here, I want to go back to Bahia...

da série "pequenas coisas":
tava eu andando no aterro, que este dia tá bonito e azul demais pra pessoa ficar em casa. de repente cruzo com um tiozinho cantando alto - "I don't want to stay here, I want to go back to Bahia. Eu tenho estado tão só..."
virei e encarei a senhora que caminhava ao meu lado. quase como se estivéssemos combinado, sorrimos uma pra outra. então ela disse: tá feliz, né?
fiquei em silêncio.
ela escutou o canto. mas eu ouvi a letra.

Monday, December 10, 2007

sonata para o homem bom

acabei de ver um filme tão lindo de morrer que me deu vontade de comentar aqui. era o A vida dos outros, mas que eu achei que poderia ter este outro título alternativo que eu botei no meu post.
não dá pra ficar contando, pois não gosto de estragar a graça de quem não viu (ha, ha, como se eu tivesse milhares de leitores aqui neste b-log...).
o caso é que era um filme que fala de bondade, desta inesperada e teimosa capacidade pra bondade que todo ser humano traz consigo.
e eu, que sou manteiga derretida de carteirinha, saí soluçando do cinema. pois este ano eu tive decepções muito grandes com pessoas que eu amava. foi bom pra eu aprender a não confiar e me entregar tanto. mas que nem no filme, eu quero em 2008 continuar acreditando no melhor das pessoas. sempre.

Saturday, December 8, 2007

o jardim das delícias terrenas

nesta viagem eu vi uma porção de quadros. mas uma porção meeeeesmo. tanto, que chegou uma hora que eu não conseguia ver mais nada. tudo era retrato de rei, rainha, anjo, virgem maria, jesus sofrendo, jesus na cruz, jesus de tudo-quanto-é-jeito-menos-feliz.
e no fundo, tanto museu valeu a pena apenas por umas muito poucas coisas. por exemplo, ver o Las Meninas do Velazquez, no Prado. e depois os estudos que o Picasso fez sobre este quadro, e que estão no Museu Picasso, em Barcelona. fiquei de olhinho vidrado na tela enquanto eles mostravam e explicavam as transformações que ele fez no quadro original. bagunçou com tudo e reinventou a realidade da fantasia.
e depois teve El Entierro del Señor de Orgaz, do El Greco, que eu vi em Toledo. imagine que eu paguei ingresso praticamente só pra ver isso. e adorei. pois foi das poucas coisas que vimos em toledo. e achei o máximo ir num museu por conta de um quadro apenas. fiquei um tempão debruçada na cerca só observando os detalhes.
mas nada disso se comparou ao Jardim das Delícias Terrenas do Bosch. e isso eu vi logo assim no terceiro dia, bem na entrada, no comecinho de ver as tantas coisas que tem no Prado. um quadro pintado em 1500 e que antecede, em muito, o surrealismo, com o qual parece muito.
olhei pra ele, e fiquei com vontade de ficar ali pra sempre, olhando cada coisinha do quadro e pensando naquilo.
fiquei pensando na vida e em como as coisas são. a gente vai vivendo uma porção, vendo tanta coisa diferente, mas o que fica mesmo é muito pouco. cada um tem um filtro diferente pra selecionar o que fica. e isso faz tooooda diferença. pois eu filtrei este jardim nesta viagem e fui carregando ele comigo pelo resto do tempo.

Friday, December 7, 2007

navegar é preciso, viver não é preciso


eu queria contar tudo, tudinho, da viagem. assim, também pra eu mesma não esquecer. mas é que é muita coisa, e eu não sei contar de fora sem antes contar de dentro.
e pra contar de dentro, eu preciso começar do fim - portugal. portugal foi a última viagem dentro da viagem. acho que talvez isso tenha ajudado o meu gostar. pois quando eu cheguei lá foi logo como tivesse voltado pra casa. pra uma casa que nunca nem fui.
não tenho palavras pra descrever lisboa. é lindo. mas lindo de um jeito diferente de tudo que vi na espanha (e eu vi muuuuuita coisa linda por lá).
fui lá na torre de belém. e no monumento construído lá de onde saíram os descobridores. e tirei fotos pensando no descobrimento. e fotos rindo da A. rindo de mim pensando no descobrimento. mas no meio de toda brincadeira e risada tinha uma alegria imensa.
e eu ri muito. ri dos portugueses falando. mas não foi de deboche não. é que eu me senti no meio de uma piada de português que era da vida real. todos os personagens da piada falando e vivendo a vida real. assim, de verdade, sério.
e fui almoçar na casa de uma família portuguesa. família de verdade. e portuguesa de verdade. com direito a filhos, netos, casa cheia, bacalhau, batatas ao murro, doce português, e muito vinho. gente boa, decente, preocupada em mudar o mundo.
pois isso também foi lindo. não sei se foi sorte (= ter me hospedado com P., amiga de A., pessoa batalhadora, engajada socialmente e com o coração do tamanho do mundo) mas acabei achando que aqueles portugueses deviam ser como todos os portugueses. e aqueles portugueses amavam o brasil. mas não assim como os gringos que fui conhecendo pela vida, que amam o exótico que vive no seu imaginário, construído às custas de muitos carnavais, mulatas e belezas tropicais. amavam com um carinho paternal, de quem tem orgulho do filho que gerou e que conhece bem a fundo.
mas também amavam e se preocupavam com todos os outro países de língua portuguesa. conheciam a africa e seus problemas. e trabalhavam pra ajudar, pra ajudar a construir um mundo melhor.
saí de lá bêbada de tanto vinho e conversa. e teve conversa e discussão sobre todos os assuntos. e teve criança levada pra brincar e fazer graça. criança que se colou em mim e ria das minhas sandices. e me fez ir na casa dele. e lá fui eu na outra casa, tomar chá. e saí ganhando livro. porque eles também eram que nem eu, daquelas pessoas que se empolgam tanto com o que lêem que querem que os outros leiam também. fiquei tão emocionada. porque melhor que ganhar presente é ganhar presente de gente que nem te conhece direito e que te dá o que é seu. é meio como a pessoa tirar do seu próprio prato pra te dar.
só sei que saí de portugal com a certeza de que tenho que voltar. voltar lá pra onde tudo começou. quer dizer, um dos nossos começos.

lar doce lar

viajar é ótimo, mas voltar pra casinha é ainda melhor....

Wednesday, November 28, 2007

torres traçadas por gaudí


"Mas eu também sei ser careta.
De perto ninguém é normal.
Às vezes segue em linha reta,
a vida que é meu bem, meu mal"

Thursday, November 22, 2007

largada no mundo

ai, como é boooooom viajar!!!! sem eira nem beira, vendo tanta coisa linda e diferente. até me esqueco de mim. ou melhor, até a hora de dormir.
pois continuo sonhando enlouquecidamente com tudo da minha vida do brasil. depois acordo e vou viver outras vidas.

Friday, November 9, 2007

novela

eu admito, vejo novela. sempre vejo a novela das oito. por mais ridícula que seja. quando morava fora, minha desculpa é que ver novela me "aproximava" do brasil, era como um termômetro do que tá rolando por aqui.
daí voltei pro brasil. mas continuei assistindo. meio por hábito, acho. sei lá.
mas tem horas que emputeço. e ontem fiquei passada.
agora a novela tem uns ricos que são donos de universidade. tudo bem, tô ligada que educação agora virou um comércio.
mas daí entra um protesto estudantil. assim, do nada. de repente, uns estudantes de uma faculdade particular, que geralmente são uns filhinhos de papai, sem o menor compromisso com coisa nenhuma além da sociedade de consumo, resolvem "protestar". não se sabe nem o motivo do protesto. porque a dona da universidade quer tomar posse do que é seu? aparentemente, segundo eles, isso é "autoritarismo". a dona chama a polícia, é claro. pois o "protesto", sem quê nem porquê, vira vandalismo em dois tempos.
só sei que de repente me vejo defendendo a suzana vieira, com aquele cabelo horroroso e cara de paquita velha. ela, que é justo a dondoca da novela. ainda assim, ela parece ser a única a perceber o absurdo da situação toda.
o que mais me irrita é esta referência constante ao movimento estudantil durante a época da ditadura. fica parecendo que o que aconteceu naquela época foi a mesma coisa - ou seja, um bando de estudante inconseqüente cujo único objetivo na vida é perturbar a ordem e atacar a propriedade privada.
ai, ai. já tô vendo que o único jeito é passar a ver a novela das sete. pelo menos, é engraçada.

consolo nas palavras de clarice...

descobri um livro fofo da clarice lispector, o Correio Feminino. e "fofo" é a melhor palavra que encontro pra descrevê-lo sim. pois abrindo-o ao acaso encontro isso:

"Inutilidade

Quando fazemos tudo para que nos amem...e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada.
Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição.
Às vezes é inútil esforçar-se demais...nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés.
Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de nada mais fazer."

Thursday, November 8, 2007

desapego

tomando coragem pra finalizar mais uma história. só falta mesmo um "the end", mas ainda quero me apegar a alguma coisa que nem sei o que é.
cansada de despedidas.
em 2008 só quero saber de encontros.
por ora, fecho tudo para balanço e vou distrair a minha cabeça no além mar.

Thursday, November 1, 2007

saudade

saudade é um coisa engraçada. pois não é uma coisa tão automática e previsível como a gente pensa. às vezes ataca de repente, do nada.
pior, vem saudade de pessoas que a gente nem imagina.
estes dias ando com saudades de uma pessoa que não quer nem falar comigo, e de quem não tenho notícias há um tempo já. uma saudade estranha, daquelas que deixa a gente meio sem saber o que fazer (pois na verdade não tem nada a fazer)
e não sei por que - nem o porquê da saudade, nem o porquê do silêncio. ai, ai.

Tuesday, October 30, 2007

gente chata

eu costumava até gostar da maria rita. minha mãe me deu o dvd dela e eu gostei (acho que mais da saia que ela usava do que qualquer outra coisa). quando alguém me disse que ela era meio que um embuste, não entendi.
agora ouvindo ela cantar na novela das oito, eu finalmente entendi a grande chata que ela é.
e acabei de incluir no saco a letícia spiller também. ela tá simplesmente insuportável fazendo papel de perua.

Sunday, October 28, 2007

achados e perdidos

estava mexendo numas coisas antigas e achei um postal que ganhei de uma amiga há muito tempo. era uma pessoa muito querida, super sensível, tradutora de mão cheia, e uma das muitas mães que encontrei por aí (sem desmerecer a minha, que eu amo muito. mas é que nunca fui mulher de uma mãe só). a amiga eu perdi pela vida afora, mas adorei encontrar o cartão novamente.
era a foto de uma casa espanhola, antiga e torta. e o que ela escreveu era tão delicado que me deu vontade de copiar aqui. assim, se eu perder o cartão de novo, não esqueço:

"Adoro esta casa que o cartão mostra, porque ela é bem como a gente, como as pessoas: está aí de pé desde o século XIII, toda tortinha e desengonçada, mas viva. Toda linda, avarandada, aconchegante. Mas linha horizontal e vertical (os eixos cartesianos...), nem pensar!"

e ao lado, ela ainda arranjou um jeito de espremer um poeminha do fernando pessoa que não podia ser mais apropriado ao meu momento:

"Segue teu caminho
Rega tuas plantas
Ama tuas rosas
O resto é sombra
de árvores alheias"

Friday, October 26, 2007

homeopatia

meu homeopata trocou meu remédio de novo. e avisou - este aqui vai te deixar doidinha.
dito e feito.
eu que tava aos prantos há dois dias atrás com o episódio do caldo entornado, ontem estava toda serelepe, tendo ataques de riso lá no mofo com o bonitinho, a cumadre e o R. ri tanto que doeu a barriga. riso fácil, daqueles de besteirol mesmo.
já havia feito tratamentos homeopáticos no passado, mas parece que com o passar dos anos fui ficando mais sensível. sensível ou não, tô gostando deste novo remédio. e o bonitinho também...

Thursday, October 25, 2007

defeito ou qualidade?

eu tenho uma coisa que eu não sei se é defeito ou qualidade. como regra de vida, tento ser compreensiva, compassiva e generosa. tento sempre me colocar no lugar do outro. quando a gente faz isso, as coisas diminuem de importância. tudo fica relativo e dá pra relevar uma porção de coisas.
o problema é que muitas vezes eu vou é acumulando frustrações. principalmente se o outro não faz a mesma coisa - ou seja, tentar ser compassivo e se colocar no meu lugar também. então vira uma coisa complicada e desequilibrada.
e eu vou enchendo o saco. o saco vai enchendo aos pouquinhos, devagarinho, mas enche.
um dia o caldo entorna. e quando entorna, entorna feio. não tem mais volta.
anteontem o caldo entornou. é a segunda vez que isso me acontece este ano (não com a mesma pessoa, é claro). e este caldo que entornou foi de anos e anos.
de qualquer forma, agora me sinto mais leve. só não queria ter que deixar as coisas chegarem a este ponto pra resolvê-las. isso é que não é legal...

Monday, October 22, 2007

santiago

no sábado fui ver Santiago, do João Moreira Salles. difícil descrever a emoção que senti. porque na hora não consegui entender bem porque fiquei tão emocionada. tive que digeri-lo um pouco até poder vir aqui falar sobre ele.
é que é um filme daqueles que tem várias "camadas". tem várias coisas diferentes acontecendo ali. tem aquela coisa cabeça, reflexiva, o João falando do fazer cinema e documentário. tem a figura bizarra que é o Santiago. e tem também a relação deles, a relação patrão-empregado, diretor-objeto de filmagem, etc, etc. mas isso tudo, e muito mais, eu tenho certeza de que foi analisado a fundo nas muitas, e boas, críticas que o filme recebeu.
o que me tocou mesmo no final das contas, foi esta coisa do Santiago viver à sombra de um mundo do qual nunca fez realmente parte. era assim trabalhando na mansão dos Moreira Salles, e era assim também com suas infinitas anotações sobre toda a nobreza da história universal.
pensei comigo - ele vivia vicáriamente. A. por sua vez, pensou - ele vivia a vida dos outros. lembrou então de sua tia, que nunca casou nem teve filhos, e viveu sua vida toda para a família.
daí eu pensei na minha vida. fiquei pensando se muitas vezes não é isso mesmo que eu faço - cuidar dos outros e viver das suas tristezas e alegrias.
tão difícil ser realmente protagonista da própria vida.

Sunday, October 21, 2007

argh!

hoje eu tô que não tô me aguentando. me sentindo feia, gorda, triste e insuportavelmente ansiosa.
meu único consolo é que isso é deprê com hora e data marcada, termina logo.
ainda assim, tá foda!!!!

escritinho Dela

já de algum um tempo este trecho me vem a cabeça. e o engraçado é que li isso há muitos anos, mas de alguma forma ele ficou em mim. e recentemente tenho me sentido meio assim, não sei bem porquê...

"Agora lúcida e calma, Lóri lembrou-se de que lera que os movimentos histéricos de um animal preso tinham como intenção libertar, por meio de um desses movimentos, a coisa ignorada que o estava prendendo - a ignorância do movimento único , exato e libertador era o que tornava um animal histérico: ele apelava para o descontrole - durante o sábio descontrole de Lóri ela tivera para si mesma agora as vantagens libertadoras vindas de sua vida mais primitiva e animal: apelara histericamente para tantos sentimentos contraditórios e violentos que o sentimento libertador terminara desprendendo-a da rede, na sua ignorância animal ela não sabia sequer como, estava cansada do esforço de animal libertado."

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

Thursday, October 18, 2007

macabéa

fui lá na tal taróloga e saí p... da vida. digamos que a mulher não acertou absolutamente nada de coisa nenhuma. e ainda falou tanta besteira que me deixou irritada.
fico impressionada com a cara de pau das pessoas, pois ela cobra uma grana pra isso.
apesar de tudo, ontem eu entendi uma coisa sobre esta história toda - ao invés de buscar respostas, tenho é que mudar a pergunta.
mas isso eu descobri na terapia mesmo.
enfim, de ontem pra hoje passei o dia todo ensaiando uma nova pergunta. impressionante a diferença que isso faz.

Tuesday, October 16, 2007

as cartas

amanhã vou numa taróloga.
tô meio nervosa. faz tanto tempo que não faço isso.
mas tô indo por um bom motivo. ou pelo menos o que eu considero um bom motivo, um motivo pra abrir o tarô, que é quando a gente tem perguntas pra dentro e não pra fora.

Saturday, October 13, 2007

vida e morte severina

vou ter que adiar a minha viagem porque a mãe de A. tá nas últimas.
ao mesmo tempo, D. está pra parir. e com toda a confusão que foi esta gravidez dela, estamos celebrando a chegada deste novo ser.
no meio disso tudo eu, como sempre, me peguei meditativa - tem sempre alguém morrendo e alguém nascendo, algo terminando e outra coisa começando. o novo e o velho se alternando nesta grande roda da viva.
pensar nestas coisas quase me dá esperança. é mais ou menos como no poema da adélia:
"Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera."

Monday, October 8, 2007

das cretinices da vida moderna

pois veio uma gringa ficar uns dias aqui há duas semanas. que ela era meio mala, eu já sabia, só não tinha noção do quanto. mas tudo bem, podia ser pior. já foi pior. mas não abro mão de ser hospitaleira sempre. coisa de quem já viajou bastante e que já foi muito bem recebida por completos estranhos. ou coisa de quem é filha de nordestino, que traz a hospitalidade no sangue.
mas nem é disso que eu quero falar.
é que a gringa era novinha. ou pelo menos foi esta a justificativa que achei pra bobice dela.
então uma das bobices dela, na qual ela resolveu me incluir, era um treco chamado facebook. o facebook é como o friendster, que é como o myspace, que é como o orkut. eu entrei em todos estes trecos. nem sei pra quê, mas entrei.
primeiro foi o friendster. o D. me chamou pra isso. me disse que assim eu podia me conectar com todos os meus amigos. mas como assim? eu tenho telefone, celular, email, endereço fixo, pra quê? acho que já tô bem conectada com todos, não?
entrei. mas pra entrar era um saco pois tinha que responder milhões de perguntas. só depois fui entender que isso era pra saberem quem sou e como sou. mas como assim? não são meus amigos? porque precisam entrar num treco assim pra saber quem e como eu sou?
enfim, fui me acostumando com a idéia e entrando na onda. dei uma caprichada no perfil, pra vender o meu peixe direitinho. porque descobri também que várias pessoas que não eram meus amigos também iam lá ver isso. e nesta brincadeira eu fui "achada" por vários carinhas. alguns eram totalmente exdrúxulos. imagine se eu vou aceitar "namorar" com um cara do egito, que nunca me viu, nunca falou comigo e que simplesmente viu minhas fotos e leu a porção de besteiras que escrevi no meu perfil. mas conheci um ou outro até interessantes (que moravam em los angeles, é claro). uns dois viraram até amigos.
depois veio o myspace e o orkut. putz, o orkut foi o pior de todos. a princípio parecia que era a mesma coisa que o friendster. só que o orkut virou brasileiro e daí é que danou-se tudo mesmo. pois se nos eua eu tinha só os amigos da universidade, de los angeles e de chicago, aqui tinha minha vida inteira de amigos, conhecidos, parentes, moço da banca de jornal, etc. então eu copiei tudo que tinha no meu perfil do friendster e botei no orkut. assim não tinha que escrever tudo de novo.
tenho que admitir que no início achei incrível poder encontrar pessoas que não via há anos. mas sinceramente? encontrei-as (ou elas me encontraram), elas entraram na minha lista de amigos e ficou por isso mesmo. ou seja, continuei sem vê-las, sem falar com elas. só que agora eu podia ir lá no perfil delas pra saber o que elas andavam fazendo. mas nem isso eu fiz. preguiça, sei lá (acho que se eu tinha perdido o contato com elas antes devia ter algum motivo né?).
o mais surreal foi quando outras pessoas, que nunca nem foram minhas amigas direito começaram a me adicionar na lista delas. e mais - me davam uma estrelinha. depois fui descobrir que era pra eu dar pra elas também, e elas terem uma porção de estrelinhas. e tinha também que ficar dando "nota" nas pessoas. talvez pra elas saberem "direitinho" o que você pensa delas?
ah, e tinha aquelas pessoas que eu acabava de conhecer na vida real e que saíam me adicionando no orkut. uma vez a coisa chegou ao cúmulo de eu entrar numa festa onde não conhecia ninguém além de quem me levou, e um cara aleatório sair dando papelzinhos pra todo mundo com o seu nome no orkut pra gente adicionar. recusei educadamente: estou satisfeita com meu número de estrelinhas, corações, gelinhos e carinhas sorridentes, obrigada.
mas não parou por aí. depois descobri que não devia deixar informações pessoais no tal scrapbook, pois tinha gente que ia lá olhar pra fazer maldade. apaguei tudo, pois nunca se sabe que tipo de informação pode ser usada para o mal, né?
se isso é mesmo verdade ou não, eu não sei. só sei que depois descobri que estavam me "espionando" ali. espionando não sei bem o quê: os meus amigos que nem são mais meus amigos? ou aqueles que nem nunca foram? ou então as comunidades das quais eu fazia parte?
só que esta história de comunidade eu também achei tão boboca que resolvi entrar numa porção de comunidade aleatória, com discussões inúteis, das quais eu nunca participava. bem, nunca, não. de vez em quando eu ia na comunidade dos cavaleiros que dizem ni e dizia: ni. pronto. não tá bom?
então eu resolvi espionar quem me espionou de volta. fui lá ver se tinha alguma coisa pra ver. mas até isso eu achei meio inútil. pois percebi que no fundo a gente não vê a pessoa ali, mas o que a pessoa quer que as pessoas vejam dela. nesta hora me toquei que eu tava ali fazendo a mesma coisa no meu perfil. meio deprê isso...
por isso enchi o saco total e "suicidei" o meu orkut. em breve descobri que um bando de amigo meu tava fazendo isso também.
agora vem esta gringa e me enfia neste facebook. em duas semanas eu já devo ter uns 6 amigos lá. não procurei ninguém, eles foram me achando. a cada dia recebo um email de alguém do além me chamando pra entrar no facebook dele/a.
hoje recebo o convite pra entrar no facebook de uma vizinha louca que eu tinha lá em los angeles (e que nada me tira da cabeça que me dava mole embora ela fizesse questão de ficar falando de homem toda vez que me via). mas eu nunca nem falei muito com ela. porque inclusive fugia dela quando a via (a mulher era doida mesmo).
putz grila....eu mereço!!!!

amigo é coisa pra se guardar

ontem tava eu num aniversário de criança (fazendo não sei bem o quê, pois não tenho filho) e E. soltou mais uma de suas mini(minhas).
gostei tanto desta que resolvi trazer pra cá. dizia ela que a amizade é o pilar de todas as relações, que todas as outras são apenas variações deste mesmo tema.
assim, a amizade não é um sentimento menor, residual, apenas um adendo nas relações profundas e significativas que pautam nossa vida. pelo contrário, ela é o centro, a essência, o que dá o tom para todo o resto.
fiquei meditando sobre isso. entendi que quando ela disse "amigo", não era essa coisa de lista de orkut, que a pessoa tem pra lá de 100, 200, 500, sei lá...era amigo mesmo, destes que você conta nos dedos.
E. foi mais adiante (este livro das mini(minhas) está engasgado na garganta dela, pedindo muito pra ser escrito). disse que se entendêssemos isso mesmo, todas as outras relações seriam melhores. pois as pessoas muitas vezes se acham no direito de fazer e exigir coisas num relacionamento amoroso ou familiar que não fariam ou exigiriam de um amigo. perdem o respeito, o limite, a consideração, porque, afinal de contas "no amor vale tudo"... será?
fiquei pensando no que me aconteceu no início do ano. me envolvi com uma pessoa que eu achei que fosse meu amigo. e com todas as voltas e re(voltas) que a história tomou, começo a pensar que amizade foi justo o que faltou nisso tudo. que ironia...
agora com J. eu tô descobrindo uma coisa nova. se no início estava buscando uma história de amor, com todos os gestos apaixonados clichês do cinema, o que tenho encontrado é acima de tudo um grande Amigo. mas Amigo mesmo, com letra maiúscula, e não o resto de quem tentou-se-apaixonar-e-não-conseguiu. no que isso vai dar eu não sei. mas mesmo com os altos e baixos, tô aprendendo, e muito, com esta história.

Saturday, October 6, 2007

ó vida...

se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
o que fazer?

Friday, October 5, 2007

tá chegando a hora

esta noite eu sonhei que já estava na espanha. e que A. tinha ido com a gente. só que eu chegava lá e nem sabia onde ia ficar. andava por madri e acabava de penetra numa festa numa casa antiga. meio doido, mas divertido.
de qualquer forma a ansiedade tá bem nítida pra mim - tenho que começar a me organizar direitinho pois já já tô chegando lá.

Da série "aprendendo a viver"

Ando cheia de lições de vida pra mim mesma ultimamente. Quem sabe um dia ainda escrevo um livro de auto-ajuda. Algo como as "Mini(minhas)" que a E. está coletando pra escrever o dela (aliás, não sei do livro, mas o título é ótimo)
A minha última pérola é: se você quer alguma coisa de alguém, ou está incomodado com algo, então tem que falar e falar na hora, com todas as letras (mas numa boa). Sem essa de que o outro tem que "se tocar", ou melhor "advinhar". Porque na maior parte das vezes não advinha não. Nem sabe decifrar indiretas (ainda mais se for homem).
Ficar engolindo sapo pra depois vomitar tudo de uma vez não é legal. Nem pra você e nem pro outro.
Segui o meu conselho pra mim mesma e o resultado foi melhor do que a encomenda.

Tuesday, October 2, 2007

Amor Líquido

É meio longo, mas não resisto...

"Para Ivan Klima, poucas coisas se parecem tanto com a morte quanto o amor realizado. Cada chegada de um dos dois é sempre única, mas também definitiva: não suporta a repetição, não permite recurso nem promete prorrogação. Deve sustentar-se 'por si mesmo' - e consegue. Cada um deles nasce, ou renasce, no próprio momento em que surge, sempre a partir do nada, da escuridão do não-ser sem passado nem futuro; começa sempre do começo, desnudando o caráter supérfluo das tramas passadas e a futilidade dos enredos futuros.
Nem o amor nem a morte pode-se penetrar duas vezes - menos ainda que no rio de Heráclito. Eles são, na verdade, suas próprias cabeças e seus próprios rabos, dispensando e descartando todos os outros.
Bonislaw Malinowski ironizava os difusionistas por confundirem coleções de museu com genealogias. Tendo visto toscos utensílios de pederneira expostos em estojos de vidro diante de instrumentos mais refinados, eles falavam de uma 'história das ferramentas'. Era, zombava Malinowski, como se um machado de pedra gerasse um outro, da mesma forma que, digamos, o hipparion deu origem, na plenitude do tempo, ao equus caballus. Os cavalos podem derivar de outros cavalos, mas as ferramentas não tem ancestralidade nem descendência. Diferentemente dos cavalos, não têm uma história própria. Pode-se dizer que elas pontuam as biografias individuais e as histórias coletivas dos seres humanos, das quais são emanações ou sedimentos.
Quase o mesmo se pode dizer do amor e da morte. Parentesco, afinidade, elos causais são traços da individualidade e/ou do convívio humano. O amor e a morte não têm história própria. São eventos que ocorrem no tempo humano - eventos distintos, não conectados (muito menos de modo causal) com eventos 'similares', a não ser na visão de instituições ávidas por identificar - (por inventar) - retrospectivamente essas conexões e compreender o incompreensível.
Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. E não se pode aprender a arte ilusória - inexistente, embora ardentemente desejada - de evitar suas garras e ficar fora de seu caminho. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão - mas não se tem a mínima idéia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido. Em nossas preocupações diárias, o amor e a morte aparecerão ab nihilo - a partir do nada. Evidentemente, todos nós tendemos a nos esforçar muito para extrair alguma experiência desse fato; tentamos estabelecer seus antecedentes, apresentar o princípio infalível de um post hoc como se fosse um propter hoc, construir uma linhagem que 'faça sentido' - e na maioria das vezes obtemos sucesso. Precisamos desse sucesso pelo conforto espiritual que ele nos traz: faz ressurgir, ainda que de forma circular, a fé na regularidade do mundo e na previsibilidade dos eventos, indispensável para a nossa saúde mental. Também evoca uma ilusão de sabedoria conquistada, de aprendizado, e sobretudo de uma sabedoria que se pode aprender, tal como aprendemos a usar os cânones da indução de J.S. Mill, a dirigir automóveis, a comer com pauzinhos em vez de garfos ou a produzir uma impressão favorável em nossos entrevistadores.
(...)
No Banquete de Platão, a profetisa Diotima de Mantinéia ressaltou para Sócrates, com a sincera aprovação deste, que 'o amor não se dirige ao belo, como você pensa; dirige-se à geração e ao nascimento no belo". Amar é querer 'gerar e procriar', e assim o amante 'busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar'. Em outras palavras, não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estímulo a participar na gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.
Em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual a grande incógnita na equação do outro. É isso que faz o amor parecer um capricho do destino - aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito antecipadamente, que deve ser realizado ou protelado, acelerado ou interrompido. Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor. 'A satisfação no amor individual não pode ser atingida...sem a humildade, a coragem, a fé e a disciplina verdadeiras', afirma Erich Fromm - apenas para acrescentar adiante, com tristeza, que em 'uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma rara conquista'.
E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a 'experiência amorosa' à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço.
Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos."

(em Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zygmunt Bauman)

Sunday, September 30, 2007

nem todos os dias são de sol

doente, com sinusite e dor de garganta, visita em casa (daquelas meio chatas que grudam e não conseguem fazer as coisas sozinhas), ainda meio chateada com o J. e tentando decidir o que fazer em relação a tudo isso.
por enquanto, nenhuma idéia.

Monday, September 24, 2007

afeto

uma das coisas mais preciosas que aprendi ao longo da vida foi que cada pessoa tem um jeito diferente de demonstrar carinho e afeto. e que a gente sofre às vezes porque espera dos outros coisas que eles não tem capacidade de dar.
na verdade, a lindeza da vida é justo a diferença. isso que nos encanta e surpreende.
ontem o bonitinho foi até mauá me buscar. assim, tudo num dia só - chegou, almoçamos, namoramos um pouco e voltamos pro rio.
foi a coisa mais delicada que alguém fez por mim nos últimos tempos.

Monday, September 17, 2007

mauá

o corpo cansado e a mente atazanada de idéias...tá na hora de ir lá dar um tempo e voltar ao meu eixo.

Saturday, September 15, 2007

o gordo foi embora

Gentileza gera gentileza

tava eu voltando de camboinhas, de busum, com aquela leseira pós praia, e passando ali por perto da rodoviária vi os escritos do profeta gentileza.
difícil explicar o que senti, mas foi algo assim como uma certeza profunda de que eu sei exatamente o que ele queria dizer.

Friday, September 14, 2007

Wednesday, September 12, 2007

as grávidas e os nenéns

tô eu há algum tempo sem conseguir trabalhar. simplesmente parou tudo depois que o gordo chegou. esta coisa de saber que ele tá indo embora no sábado, e que nem sei quando vou vê-lo de novo, é complicada.
primeiro porque tem esta urgência de conhecê-lo e virar sua tia em menos de um mês. isso até que foi fácil no final das contas. foi pegá-lo no colo que eu já não queria largar mais. depois, e isso foi o difícil mesmo, veio a complicação de gerir a ansiedade dos pais, avós, família e amigos em geral. digo "gerir" porque foi literalmente o que tive que fazer na semana que eles ficaram por aqui.
mas a confusão geral não é só por conta do gordo. tem alguns outros nenéns e mais umas tantas grávidas me cercando. tantos nenéns e grávidas que fico até me sentindo meio acuada. não que não queira viver isso também. adoraria. e ultimamente tenho cada vez mais a certeza tranquila de que vai acontecer em algum momento. mas agora definitivamente não é o momento.
tem outra coisa gestando dentro de mim que é a minha tese de doutorado, e isso vai consumir muito a minha atenção e energia neste ano que está por vir. preciso parir este "filho" antes de partir pra outros projetos. devo isso a mim mesma, acima de tudo.
mas nem vim escrever sobre estas coisas. vim escrever sobre uma das minhas amigas grávidas. não pra ficar falando dela, porque não é nem elegante ficar falando dos outros aqui.
mas é que não tem sido, nem nunca foi, um gravidez fácil. e no meio deste turbilhão todo que está minha vida, não consigo deixar de me preocupar com ela. e querer muito, mas muito mesmo, ajudar um pouco. se eu estivesse no lugar dela, iria querer também toda ajuda e carinho possível.
por isso estou organizando o chá de fralda dela.
agora a viagem é que, o que foi a princípio simplesmente uma disposição de ajudar ao próximo, virou uma coisa tresloucada de produzir o chá de fralda que eu gostaria de ter.
ai, ai. tô achando que este meu altruismo no fim das contas é transferência. e das brabas.
de qualquer forma, uma coisa é certa - ela vai ficar muito feliz com essa festa. e eu também.

Sunday, September 9, 2007

feliz

hoje tô meio boba de felicidade.

Friday, September 7, 2007

a primavera é quando do escuro da terra ascende a música da paixão

tô me apaixonando devagarinho.
nem vou dizer que é bom porque ao mesmo tempo dá um medão danado e muitas vezes eu sofro.
é que minha última experiência nesta área não foi muito boa.
mas é tão bom quando a gente tem alegria só de ficar juntinho do outro, enroscadinho na cama, que eu me esqueço de tudo e durmo um sono bom e reparador. o difícil só é conviver com os fantasmas que me assombram durante a vigília.

Wednesday, September 5, 2007

brasileirinho e os brasileiros

na segunda fui ver o documentário do mika sobre o choro. o filme tem um olhar meio gringo, mas impossível não sair do cinema doida pra ouvir mais e mais choros.
nestas horas eu sinto um orgulho tão grande do meu país.
tanto, que quase me esqueço da vergonha que sinto quando escuto neguinho desdenhando do assassinato do homem que rolou ontem, logo ali, na esquina da minha rua. afinal, ele era bandido, e bandido não conta...
depois fica todo mundo escandalizado com a animalidade dos ditos bandidos. como se nós mesmos já não os tratássemos como bichos muito antes deles começarem a agir como tais.
ai, ai. nestas horas dá um desânimo...

Tuesday, August 28, 2007

o gordo chegou!!


minha gente, eu preciso contar que o meu sobrinho é a coisa mais gorda em termos de bebê que eu vi nos últimos tempos. ele chega tem dobrinhas nas mãos e nas pernas.
e é branquinho e loirinho. vixe, que nasceu australiano mesmo. só espero que não vire insosso que nem gringo.
mas também é filho dos pais deles e encarou uma viagem longuíssima lá do outro lado do planeta pra cá, com escala no chile, sem maiores escândalos. foi inclusive esquiar com eles lá no vale nevado.
e hoje passou o dia inteiro de colo em colo, no maior bom humor.
mas o que eu mais gostei foi que ele adorou o meu colinho. e eu apertei ele bem muito, que criança gorda foi feita pra isso mesmo.

nos olhos

em mais uma das minhas aventuras nas americanas.com.br comprei um super trunfo de aniversário pro J. e um disco antigo da miucha e do tom, que é umas das boas lembranças que eu guardo da infância.
tava ouvindo agora "olhos nos olhos" na voz da miucha, e fiquei toda arrepiada com a lindeza que é esta música.
olha, se existe cura pra dor de cotovelo deve ser assim...

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

Sunday, August 26, 2007

o título e um problema

esqueci de dar a referência do título deste blog. é uma alusão a um livro da Arundati Roy, uma indiana, que eu amei mesmo antes de ler, só por causa do título. o livro chama-se the god of small things.
juro que comprei o livro só por conta do título, sem nunca ter ouvido falar nela. fui lendo e descobri que era realmente uma preciosidade. entrou definitivamente pra minha lista de favoritos.
daí quando inventei de fazer blog, fiquei pensando no que poderia me definir ou definir o que eu queria que o blog fosse. então escolhi este título. depois mudei pra "flor de maracujá", pois era assim que meu pai me chamava quando eu era pequena e sempre gostei muito deste apelido.
agora quando migrei pra este blog e para o português, resolvi voltar ao "deusa das pequenas coisas". pois gosto mesmo de escrever sobre pequenas coisas, coisas banais e corriqueiras, e refletir sobre elas.
o único problema, e isso eu descobri nestes dois últimos dias, é que coisas pequenas às vezes são tão pequenas e passageiras, que é só eu escrever sobre elas que elas já mudaram completamente no momento seguinte e perderam a validade.
nesta brincadeira já escrevi e apaguei dois posts antes deste.

Thursday, August 23, 2007

eu gosto é de dar aula

eu quero ser professora. quero dar aula. sei que a carreira acadêmica tá cada vez mais difícil, mas eu gosto e ponto. morro de vergonha e nervoso antes de começar, tipo stage fright mesmo. mas quando começa e a aula flui, é uma beleza. saio revigorada.
lá nos eua, tinha vezes que eu me estressava a beça com aluno. mas na maior parte do tempo eu fazia tudo com tanto entusiasmo que as avaliações sempre vinham com comentários a respeito. lá na gringolândia eles não estão acostumados com estas coisas...
ontem eu dei aula lá no centro espírita em que estou fazendo a minha pesquisa de campo. trabalho voluntário, turma pequena e flutuante. mas ainda assim saí numa alegria e paz que mal posso descrever.
sempre achei que não tinha nenhuma vocação específica, nem mesmo lecionar. pensava assim - tem tanto professor mais culto e safo do que eu, não posso dizer que tenho talento pra isso... mas por outro lado, será que vocação não é assim mesmo? ou seja, não tem nada a ver com ser o melhor ou com aparecer muito publicamente. tem sim a ver com esta alegria boba e marota que a gente sente só de dar uma provadinha na cachaça nossa de cada um.
ontem saí tão iluminada da aula, que na hora de receber o passe a dirigente do centro veio me cobrar e perguntar quando é que eu ia começar a dar passe.
fui promovida a professora passista. como eles dizem - com a graça de deus.

Tuesday, August 21, 2007

vou viajar

quem me conhece sabe que adoro viajar. é como se eu, antes de nascer, tivesse perdido um pedacinho de mim em algum lugar que nem sei, e minha sina fosse passar a vida tentando achar. tanto que nem gosto de ir nestes lugares muito badalados e turísticos. gosto mesmo é de ver o povo na rua passando e vivendo sua vidinha. minhas melhores recordações de cuba são de ficar sentada na soleira da casa da Made, minha amiga cubana, vendo o povo passar e puxando papo com ela no meu portunhol tosco.
tudo bem que eu também gosto de lugar badalado. lembro da primeira vez que fui a paris. andava em média 10 horas por dia, só por gosto de ficar vendo tudo. e até hoje, toda vez que vou a paris visitar minha amiga Tati, é sempre uma emoção. cada vez que vou lá descubro um bequinho novo, cheio de história.
ai, ai, falando assim parece até que eu sou besta. mas é que paris é dos poucos lugares no mundo que eu preciso voltar de tempos em tempos por motivos que eu mesma desconheço. e como tenho uma porção de amigos lá, que me hospedam, dão de comer e até de beber às vezes, então dá pra ficar voltando de vez em quando.
mas não sou como alguns amigos, tipo o R., que trabalha, trabalha, junta uma porção de dinheiro, pra depois se largar no mundo. R. já foi em lugares que eu nem sabia que existia.
meu lance não é ficar conhecendo muitos lugares. pra mim toda viagem é também interior.
quando estou perturbada das idéias, precisando me organizar internamente, uma viagem é o melhor remédio. não precisa nem ser pra longe. já cansei de ir pra mauá assim, na doideira, de uma hora pra outra.
às vezes uma viagem tem o efeito inverso, ou seja, desorganiza o que eu pensava que tava organizado. da última vez que fui pra LA-la-land foi assim. fui pra lá de um jeito e voltei de outro. voltei cheia das decisões e atitudes que eu nem esperava que fosse capaz. é que reencontrei um pedaço de mim que havia ficado por lá e vi que o eu tava vivendo por aqui não tava bom.
agora tem esta viagem. vai ser do jeito que eu gosto - com uma amiga querida e meio largada no mundo. viajando pelo mundo velho, de onde vieram meus ancestrais. esta viagem é um sonho antigo. o roteiro de fora a gente já tá organizando.
agora quero ver é o roteiro de dentro...

Sunday, August 19, 2007

domingo correndo manso...















...e o meu coração explodindo de tanta primavera.

Saturday, August 18, 2007

meu sobrinho tá chegando

mal posso esperar pra apertar aquele gordo.

Thursday, August 16, 2007

as pequenas coisas

ontem fui na osteopata pra tratar do jeito que dei na lombar e que dura mais de um mês agora. nem estou mais torta e com o músculo contraído, mas continuo sofrendo as conseqüências do ocorrido. a dor migra, e ela me deu uma explicação lá super complicada do porquê da dor ter migrado pra minha perna e depois pras minhas nádegas.
o caso é que ela apalpou daqui, mexeu dali, apertou bem fundo acolá (ai, ai), e torceu minhas pernas de um jeito tal que eu saí de lá bem melhor. aliás, ando encantada com esta história de osteopatia e já convenci o J. a ir lá também.
no final ela só me recomendou a não fazer exercícios, não carregar peso e...não cruzar as pernas. e aí é que vem o problema: nunca pensei que fosse tão difícil não cruzar as pernas! é uma coisa boba, um pequeno preço a pagar pelas cutucadas milagrosas que ela me deu. e eu passei o dia inteiro super incomodada com isso ontem.
cruzas as pernas é um gesto tão automático que eu nem penso nisso. é uma daquelas pequenas coisas tão pequeninas que a gente nem chega a se dar conta dela. não é como tomar café, por exemplo. que eu sei que é uma pequena coisa, mas só eu sei como tá me fazendo falta agora que não posso tomar. então no fundo nem é pequena coisa.
já cruzar a perna não. é mais sutil.
sei lá porque tô tão pilhada com isso. acho que é porque de repente comecei a pensar que a minha vida toda, isso que eu entendo como "Eu", não passa de uma série de coisas pequenas e tão imperceptíveis que eu só dou conta delas quando me faltam. morrer deve ser assim - o avesso do hábito.

eu, de perna cruzada

Tuesday, August 7, 2007

inquieta

não sei o que me deu hoje. um negócio aqui dentro que eu não sei explicar...

Friday, August 3, 2007

sonhos

sou uma pessoa muito ligada nos meus sonhos. sei lá porquê. eles não são épicos e em capítulos como os de um namorado que tive. nem são muito detalhados ou coerentes.
na maior parte das vezes são impressões, imagens, situações bem malucas. quem dorme junto de mim se diverte com as narrativas do dia seguinte. tive um namorado que não dormia a noite e me gozava a beça quando eu, bêbada de sono, começava a misturar as coisas do mundo dos sonhos com as coisas do mundo acordado. acho que nisso sou igual a minha mãe, que contava histórias de piratas pra gente quando éramos crianças e dormia no meio. as histórias iam ficando tão fantásticas...quer dizer, mais sem pé nem cabeça do que fantásticas. mas era engraçado.
de qualquer forma, ultimamente dei de ter sonho premonitório. é meio assustador, pois geralmente a gente tem premonição de coisa ruim. mas nem todos são assim. há um tempo atrás estava bem triste e sozinha, e sonhei com um homem doce e carinhoso. eu virava pra ele aflita falando do meu aperreio e ele dizia, calmo, que não veio antes porque estava me esperando chamá-lo. já no dia seguinte eu acordei tão calma e serena que nem acreditei. e depois de um tempinho ele realmente chegou. na verdade tava ali, bem debaixo do meu nariz. mas precisei acordar pra dentro pra saber disso. ele tava só me esperando chamá-lo...
só que ontem a noite eu tive um sonho bem ruim com uma pessoa que não vejo há tempos. nem quero contar pra não tornar mais real. mas espero sinceramente que esteja tudo bem.

Wednesday, August 1, 2007

tom zé

"Quando eu vi
Que o largo dos aflitos
Não era bastante largo
Pra caber minha aflição,
Eu fui morar na estação da luz,
Porque estava tudo escuro
Dentro do meu coração."

Tuesday, July 31, 2007

tpm

desde sábado numa irritação crescente...
tô me sentindo insuportável. além disso dei de ter raiva de quem no momento merece mais é pena mesmo. mas nem sempre eu sou boazinha...
principalmente nesta época do mês.

Friday, July 27, 2007

plim plim


momento propaganda. tava eu no aeroporto e um homem bem lindão e gringo ficou me olhando e dando sorrisos. eu virava pra trás e ele sorria. eu desvirava engervonhada. virava de novo, e lá estava ele.
até que descobri o que era: ele tava louco pela minha bolsa de gatinhos. mas felicidade dura pouco. chegou a mulher :-( e a filha dele. e a filha ficou hoooooras olhando, sorrindo, comentando com o pai dos gatinhos. quase que eu fui lá puxar papo. mesmo com a mulher do lado…

Friday, July 20, 2007

hoje


feliz. muito feliz.

Tuesday, July 17, 2007

pensamento do dia

quem come prego sabe o cú que tem...

Wednesday, July 11, 2007

a tentação de ser muito feliz

devagarzinho as coisas vão se ajeitando.
isso é bom.
comigo, o devagarinho é sempre o que tem mais realidade.

Friday, July 6, 2007

pronto!!!


como não sei importar os posts automaticamente do outro blog, migrei pra esse copiando os antigos manualmente. claro, dei uma editada e peguei só os melhores.
mas a partir de agora nada de escrever em inglês. agora que o tempo na gringolândia acabou vai ser tudo em português mesmo.

On our amazing ability to deny our craziness

I know I tend to exaggerate my problems and think of myself as the most neurotic of all people. And that too is part of my own craziness.
Still, I am often amazed by people's ability to rationalize their craziness. I mean, I might do and think crazy things, but I am quite aware that they are not very reasonable. Some people just don't.
Anyway, I love to read the weirdest news of the newspaper. Like the one about the garbage lady. She's a Spanish old lady who lives in Sao Paulo, Brazil. Since her husband died she started accumulating garbage in her house. She'd say it was for recycling, but if someone is recycling how can one accumulate 258 tons of garbage in one's house? She's been doing this for 20 years now, the house had this terrible stench, there were rats and cockroaches all over, and yet, her family does not seem to think it was that bad. According to the newspaper her son was surprised with the recent police intervention. After all, it was only a "bit of garbage", no need to such drastic intervention. Meanwhile the police finds out that she even had 24 bottles of gun powder. She just collected everything she could put her hands on.
I'm amazed.

nem sei onde achei isso

"O caos interior. Tirar um dia para arrumar a cabeca: espanar o consciente empoeirado, remexer valores esquecidos no subconsciente. Rasgar rancores, arquivar magoas, catalogar defeitos, suprir carencias, desempacotar amizades esquecidas, dedetizer grilos escondidos dentro da insonia. Passar a limpo rascunhos de velhos conceitos. Regar a pureza murcha pela falta de uso. Lustrar gestos de amor refugiados no egoismo. Abrir o pensamento para arejar a sensibilidade. Olhar no espelho, pentear os cabelos, sorrir para o proprio sorriso e sair em frente com a mesma cara - mas nova!"

the work of imagination


“From now on, I’ll describe the cities to you,” the Khan had said, “in your journeys you will see if they exist.”

But the cities visited by Marco Polo were always different from those thought of by the emperor.

“And yet I have constructed in my mind a model city from which all possible cities can be deduced,” Kublai said. “It contains everything corresponding to the norm. Since the cities that exist diverge in varying degrees from the norm, I need only foresee the exceptions to the norm and calculate the most probable combinations.”

“I have also thought of a model city from which I deduce all the others,” Marco answered. “It is a city made only of exceptions, exclusions, incongruities, contradictions. If such a city is the most improbable, by reducing the number of abnormal elements, we increase the probability that the city really exists. So I have only to subtract exceptions from my model, and in whatever direction I proceed, I will arrive at one of the cities which, always as an exception, exist. But I cannot force my operation beyond a certain limit: I would achieve cities too probable to be real.”


(in Invisible Cities by Italo Calvino, p. 69)

dream


the long and beautiful strands of the plant i resuscitated a while ago were cut. the plant was reduced to its invisible roots and the strands would eventually die.

In the wonderland

`Would you tell me, please, which way I ought to go from here?'

`That depends a good deal on where you want to get to,' said the Cat.

`I don't much care where--' said Alice.

`Then it doesn't matter which way you go,' said the Cat.

`--so long as I get SOMEWHERE,' Alice added as an explanation.

`Oh, you're sure to do that,' said the Cat, `if you only walk long enough.'

life as a hyperlink

t's not that i don't have more than enough to read. sometimes i feel so overwhelmed with the amount of stuff that i have to read, plus the even larger amount that i want to read, that i end up watching TV. or reading blogs.
my friend rosa got me into that. at first it was only her blog. and i saw it more as a friend related activity. in other words, i read it because she's a good writer but most of all, a good friend.
but then, as a lot of things in my life, one thing led to another...and naturally one blog led to anohter. now i find myself reading blogs of complete strangers.
i was going to write about blogs and my still incipient but yet incredible adventures in exploring this world. yet, i just realized that this is how i've always lived my life - as hyperlink. one random thing leading to another and next thing i know i'm transported to different lands and different friends.
ps: i dedicate this post to my dear friend lynn, whom i met through her ex-boyfriend who was a friend of the ex-girlfriend of the friend of my friend's husband.

happiness relativity

i keep reading about "cultural relativity" in anthropology. usually that means that those Others, who are different and exotic, have different beliefs and different worldviews.
i never quite liked this. i guess it's the otherness that is very problematic for me.
but i'm writting all this because now i'm extremely happy about something that is hard to explain to other people. it's like my own private happiness. and boy, am i happy about it!! but what's the fun if i can't share that with others?
i try to describe it - "listen, it's like this - i've been extremely miserable for the past year and a half, trying to finish my qualifying exams but just hitting dead ends over and over again. and now i'm finally crossing this dark tunnel. do you get it? no, you don't understand. it's not that i'm just finishing it. it's more than that, i'm slowly giving birth to something really cool."
i feel like talking about this all the time but it feels kinda silly. people are interested in knowing if i had any major adventures recently, if i'm dating some amazing guy, if i'm going out and being loud and social, if i'm making lots of money (or will make, after i'm done with this agony).
i've been thinking about this a lot recently - why does happiness have to mean only one thing? and why do people run after this ideal frantically without quite realizing why they're doing that?
i know i've been neglecting other parts of my life and i plan to take care of that soon. but i'm also working on building my very own ideal of happiness and finding the right crowd to share that with me. plus, one more adventure in new zealand and australia is happening soon. and i admit i'm pretty excited about that too.
oh, and i can't wait to have friends over again in my house!
happy day for you too.

transa

"You don't know me / bet you'll never get to know me / you don't know me at all."
I have a Caetano's album (Transa) on repeat mode in my boombox.
It's a sad feeling to be a foreigner in a strange land for so long. Your mind start playing tricks on you.

Lispector

"And I must not forget, at the start of the work, to be prepared to make mistakes. Not forget that mistakes had often proved to be my path. Every time what I thought or felt didn't work out...a space would somehow open up, and if I had had the courage before I would have gone in through it. But I had always been afraid of delirium and error. My error, however, had to be the path of truth: for only when I err do I get away from what I know and what I understand. If 'truth' were what I can understand...it would end up being but a small truth, my-sized.
Truth must reside precisely in what I shall never understand."
(from Passion according GH by Clarice Lispector)

invisible cities by calvino

"Marco Polo imagined answering (or Kublai Khan imagined his answer) that the more one was lost in unfamiliar quarters of distant cities, the more one understood the other cities he had crossed to arrive there; and he retraced the stages of his journeys, and he came to know the port from which he had set sail, and the familiar places of his youth, and the surroundings of home, and a little square of Venice where he gamboled as a child.
At this point Kublai Khan interrupted him or imagined interrupting him, or Marco Polo imagined himself interrupted, with a question such as: "You advance always with your head turned back?" or "Is what you see always behind you?" or rather, "Does your journey take place only in the past?"
All this so that Marco Polo could explain or imagine explaining or be imagined explaining or succeed finally in explaining to himself that what he sought was always someting lying ahead, and even if it was a matter of the past it was a past that changed gradually as he advanced on his journey, because the traveler's past changes according to the route he has followed: not the immediate past, that is, to which each day that goes by adds a day, but the more remote past. Arriving at each new city, the traveler finds again a past of his that he did not know he had: the foreignness of what you no longer are or no longer possess lies in wait for you in foreign, unpossessed places. (...) Elsewhere is a negative mirror. The traveler recognizes the little that is his, discovering the much he has not had and will never have."

cities

invisible cities, by calvino, is one of my favorite books.
marco polo describes to kublai khan the cities of his empire. each city is like a web of meanings, fragments of perceptions and fleeting impressions.
i too have very instinctive reactions to different cities. i wonder how i would describe los angeles a la calvino. yesterday i drove to the other side of the city and saw one more of its facets.
and now i'm thinking about it...
one thing i know - it is definetely a woman, LA woman...

people watcher

my friend rosa first told me about this. she considers herself a "people watcher". i immediately identified as one too. not because i spend hours and hours watching people (which i would definitely do if i had the time or the people to watch), nor because i'm an anthropologist, but because people fascinate me. i'm not a voyer. i'm just constantly amazed on how different people can be - their personalities, their stories, their problems, their goals, and so on and so forth.

of course, being in rio i have to visit my old friends. and these yearly visits, even if brief, are always interesting. one friend is still dealing with divorce, another one is still single and progressively more neurotic, and yet another is dealing with a career change. they may have children or not. and there's also some new babies coming (always). some stories repeat themselves a little bit but are never exactly the same.

but there's more than just their big stories - there are all the little stories of people in that kinda situation, these ordinary events of daily life and mental lines that give color and shape to the big stories in their lifes.

at moments like this i become more aware that my life is also a story, a big story unfolding through the little stories of daily life. and that like my friends i made choices that led me to where i am today, for good or bad.

it's pointless to compare myself with them. i would never have married who this friend chose to marry, never work with what that friend chose to work with (or not work with, and just get married and have babies instead), if i was that other friend i would not be single by now...but i am my own self and that's why i have my own big and little stories.

it feels good to be me when i think that way. it feels just right to be exactly where i am in life (wherever that is).